A cada dia que se aproxima a posse presidencial, o clima de tensão aumenta em Brasília. A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) está em estado de alerta e mobilizada para evitar ações de violência e terrorismo. A missão de conduzir o plano operacional, para garantir que o rito democrático de passagem de governo seja pacífico, é do delegado da Polícia Federal Júlio Danilo Souza. Ele está no cargo de chefe da pasta desde 30 de março de 2021. Era o número 2 de Anderson Torres, e assumiu a função quando este foi nomeado ministro da Justiça pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).
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Segunda-feira, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), anunciou que Torres reassumirá a posição de secretário de Segurança. Mas, apesar de restar pouco tempo na função, os dias ainda serão longos para Júlio Danilo, até 2 de janeiro. Hoje, ele participa da reunião entre o chefe do Executivo local e os futuros ministros da Justiça, Flávio Dino; e da Defesa, José Múcio.
O delegado tem um bom relacionamento com o ministro Anderson Torres, pivô de polêmicas por ser o escudeiro de Jair Bolsonaro, e também com Andrei Rodrigues, anunciado como diretor-geral da Polícia Federal no governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Foram da mesma turma de formação. Em entrevista ao Correio, o atual secretário de Segurança do DF aponta como será a linha de trabalho nesta reta final cercada de tensão.
Há um processo de negociação para desmobilizar o acampamento de manifestantes bolsonaristas no QG do Exército até o dia da posse de Lula na presidência?
Desde o início dos atos no Setor Militar Urbano (SMU), a SSP-DF tem alinhado diversas ações, de segurança, fiscalização e mobilidade, junto ao Comando Militar do Planalto (CMP), uma vez que trata-se de área militar. Seguimos o diálogo com o CMP para buscar avançar nessa pauta relacionada à desmobilização das estruturas físicas montadas no QG.
A PM e a Polícia Civil têm poder de realizar uma retirada na área?
A área do acampamento é militar e está sob a administração do Exército Brasileiro. Portanto, as ações das forças de segurança e outros órgãos do GDF se deram em apoio, e mediante solicitação, do Exército.
O anúncio do governador Ibaneis Rocha, confirmando Anderson Torres na secretaria de Segurança, chega em bom momento das negociações?
Essa é uma avaliação que cabe, exclusivamente, ao governador Ibaneis. Estou concentrado, no momento, na coordenação das ações integradas que visam garantir a segurança e mobilidade da população e das autoridades durante os atos de posse dos executivos local e federal. Seguimos, ainda, trabalhando para atingir nossa meta de fechar o ano com o menor índice de homicídios dos últimos 46 anos.
O senhor liderou junto a Polícia Civil a operação que evitou um atentado terrorista no DF... Há risco de novas ações de células terroristas?
Nosso monitoramento nesse sentido vem sendo constante e temos conseguido responder prontamente. Temos os serviços de inteligência da SSP-DF e das forças de segurança do DF e federais atuando em conjunto, com objetivo de identificar e prevenir possíveis atos contra a ordem pública e segurança da população. A Polícia Civil do Distrito Federal vem trabalhando, ainda, na identificação e desmobilização de possíveis indivíduos, ou grupos, que tenham a intenção de cometer atos nesse sentido.
Neste momento tão tenso, o senhor é uma peça-chave de conciliação e mediação entre forças políticas antagônicas. Como vem mantendo esse equilíbrio?
Pauto sempre minhas ações, e as da minha equipe, pelo trabalho técnico, buscando sempre o aperfeiçoamento dos processos de gestão e o trabalho integrado. Na elaboração dos nossos protocolos de atuação em atos públicos e manifestações, para se ter ideia, convidamos, sempre, os lados envolvidos para elaboração do planejamento. E isso tem sido muito eficaz. Portanto, posso dizer que a negociação, a resolução pacífica dos conflitos e a cooperação fazem parte da atual cultura da segurança pública do DF.
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