Um dos participantes do seminário promovido pelo Correio, o ex-presidente Michel Temer (MDB) defendeu a pacificação política no país. "Estamos precisando do cumprimento da Constituição brasileira. Cumprir rigorosamente a Constituição, porque nestes tempos um pouco confusos que estamos vivendo, com muitas divergências entre brasileiros, entre instituições, entre Poderes, precisamos aplicar a Constituição, que é permeada toda ela pela ideia da paz, interna e internacional", enfatizou.
Segundo Temer, ao pedir o cumprimento da Constituição, está pregando "que tenhamos tranquilidade, tenhamos paz e harmonia no país". "É o que percebo que o povo mais quer. Onde quer que eu esteja, aqui ou no exterior, as pessoas perguntam quando é que o país vai se tranquilizar. Já é hora de fazermos isso", frisou.
"Aqui vai, reiteradamente, uma proposta de que todos pensemos nisso: trabalhar pela paz no Brasil, trabalhar pela harmonia, pela tranquilidade. Daí, sim, educação, saúde e economia caminharão adequadamente", afirmou.
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O ex-presidente aconselhou o futuro governo Lula a aumentar a quantidade de escolas de ensino em tempo integral. "Conheci o sistema educacional de Seul, e, lá, o ensino é em tempo integral. Acho que deveríamos caminhar para isso. Quando nós fizemos a reforma do ensino médio, no meu governo, desde lá, criamos 500 mil vagas de ensino integral. E em São Paulo, Rossieli (Soares), que foi ministro do governo, e Mendonça (Filho) criaram mais 2,5 milhões de vagas de ensino em tempo integral", disse.
Ele argumentou que o ensino em tempo integral tem duas vertentes. "A educacional, pois o aluno ficando mais tempo na escola e aprende mais, e a vertente social: em um país pobre como o nosso, o aluno se alimenta na própria escola", frisou. "Sei que isso custa bastante caro. É preciso que as equipes que estão trabalhando nessa matéria verifiquem como obter os recursos para essa hipótese que estou mencionando. Afinal, como aqui ficou ressaltado, educação é tudo. Uma vez que tenha educação, tem pelo menos o princípio do desenvolvimento do país."
Sobre saúde, o ex-presidente sugeriu ao governo que terá início em janeiro a construção de 100 hospitais. Conforme ressaltou, somando educação em tempo integral e atendimento de qualidade na saúde haverá um "desenvolvimento extraordinário" no Brasil.
"No tema da saúde, vejo as pessoas elogiando o nosso SUS. O que falta, muitas vezes, são unidades hospitalares. E aqui vai mais um palpite: que a equipe de transição, aqueles que estão tocando a questão da Saúde, qual o meio e modo de obter recursos para a construção de 80 a 100 hospitais para atender os vulneráveis no país", recomendou. "Claro que, quando se fala em construir, precisa pensar em toda a estrutura hospitalar e, de igual maneira, a estrutura de pessoal nesses hospitais. Mas acho que essas duas hipóteses trariam um desenvolvimento extraordinário para o nosso país. Especialmente porque alcançariam aqueles mais vulneráveis do nosso sistema."
Por fim, Temer elogiou o jornal pela iniciativa do debate. "O seminário está tratando de temas importantíssimos. O novo governo está precisamente cuidando da nova transição e, portanto, desde já, fazendo seu plano de governo. Penso, embora não sendo especialista aprofundado, que boa parte das questões levantadas pelos expositores podem vir a ser apreciadas e levadas adiante no plano de governo. Portanto, cumprimento o Correio pela oportunidade desse encontro", acrescentou.