DESAFIOS 2023

'Investimento não ocorre sem confiança', diz Henrique Meirelles

Ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles ressalta a importância da credibilidade para o investidor apostar no país a longo prazo

Um dos motores do crescimento da economia, o investimento, não ocorre se o governo não transmitir credibilidade para os investidores, independente de quem eles sejam, desde o dono de uma padaria até os grandes empresários e gestores de fundos, destacou Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda no governo Michel Temer (MDB) e ex-presidente do Banco Central nos primeiros dois primeiros mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“O investimento não ocorre sem confiança na política econômica. E, para isso, é necessário credibilidade”, afirmou Meirelles, nesta quinta-feira (15/12), na abertura do seminário Desafios 2023-O Brasil que queremos, organizado pelo Correio Braziliense, e realizado de forma semipresencial no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília.

Durante a apresentação, ele reforçou que, para o Brasil crescer, é necessário investimento e, nesse sentido, o governo precisa transmitir credibilidade nos discursos e na política econômica voltada para o crescimento econômico e a geração de emprego, de forma clara. “O padeiro e o empresário só vão investir se eles acreditarem e tiverem a confiança de que o país vai crescer”, acrescentou.

Ao ser questionado sobre a promessa do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que não haverá privatizações no novo governo, Meirelles afirmou que a declaração de Lula foi “um equívoco”. Meirelles ressaltou que o poder público não tem capacidade de fazer os investimentos necessários para o país crescer e, por isso, ele precisará da ajuda do setor privado. “O governo não tem recursos”, pontuou.

Ele destacou que se o governo não tem recursos suficientes para cumprir o compromisso de campanha para criar programas de assistência aos mais pobres, como o novo Bolsa Família – justificativa para a aprovação da PEC da Transição que amplia os gastos acima do teto em R$ 168 bilhões – o governo não tem dinheiro para fazer os investimentos necessários em infraestrutura. E nesse sentido, as Parcerias Público-Privadas (PPPs), as concessões, as privatizações e as capitalizações de estatais são importantes.

“Estamos discutindo (no Congresso) uma PEC que é um problema para cumprir compromissos sociais do novo governo. Imagina a necessidade de investimento em infraestrutura e nas estatais. Não há recursos, independente de se gostar não da palavra”, disse Meirelles, engrossando o coro com o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, que fez a abertura do evento. “Como disse o meu colega, pode dar o nome que quiser”, afirmou.

Khalil Santos/CB/D.A. Press - Participação do ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, no painel especial sobre credibilidade para o crescimento durante o seminário ‘Desafios 2023 — o Brasil que queremos’
Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press - Seminário 'Desafios 2023 - o Brasil que queremos', promovido pelo Correio Braziliense, no Centro de Convenções. Na foto, Zeina Latif, economista.
Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press - Seminário 'Desafios 2023 - o Brasil que queremos', promovido pelo Correio Braziliense, no Centro de Convenções. Na foto, Jorge Arbache, vice-presidente do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF).
Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press - Seminário 'Desafios 2023 - o Brasil que queremos', promovido pelo Correio Braziliense, no Centro de Convenções. Na foto (e/d), Tony Volpon, Vicente Nunes e Jorge Arbache.
Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press - Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, abre o seminário ‘Desafios 2023 — o Brasil que queremos’, promovido pelo Correio Braziliense, no Centro de Convenções. Na foto, Gabriel Leal de Barros, economista-chefe da Ryo Asset.
Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press - Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, abre o seminário ‘Desafios 2023 — o Brasil que queremos’, promovido pelo Correio Braziliense, no Centro de Convenções. Na foto, Gabriel Leal de Barros, economista-chefe da Ryo Asset.
Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press - Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, abre o seminário ‘Desafios 2023 — o Brasil que queremos’, promovido pelo Correio Braziliense, no Centro de Convenções. Na foto, Gabriel Leal de Barros, economista-chefe da Ryo Asset.
Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press - Seminário ‘Desafios 2023 — o Brasil que queremos’, promovido pelo Correio Braziliense, no Centro de Convenções. Na foto, o correspondente internacional, Vicente Nunes.
Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press - Seminário 'Desafios 2023 - o Brasil que queremos', promovido pelo Correio Braziliense, no Centro de Convenções. Na foto, José Roberto Afonso, economista e um dos pais da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press - Seminário 'Desafios 2023 - o Brasil que queremos', promovido pelo Correio Braziliense, no Centro de Convenções. Na foto, José Roberto Afonso, economista e um dos pais da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Reprodução/Youtube Correio Braziliense - Juliana Damasceno, economista da Tendências Consultoria participou do primeiro painel do seminário ‘Desafios 2023 — o Brasil que queremos’, que discutiu responsabilidade fiscal e social
Reprodução/Youtube Correio Braziliense - Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, abre o seminário ‘Desafios 2023 — o Brasil que queremos’

O ex-ministro lembrou que há recursos no mundo em busca de oportunidades, porque a expansão fiscal e monetária dos países desenvolvidos durante a pandemia ainda deixou muita liquidez no mercado internacional. “O fato é que tem muito recurso no mundo e tem muito recurso disponível no mundo para vir ao Brasil. E o nome disso é concessão para o setor privado”, afirmou.

Na avaliação de Meirelles, o fato principal do debate é atrair investimento privado para infraestrutura e para a capitalização de estatais, para assim “ajudar o Brasil crescer”. Ex-candidato à Presidência da República em 2018, Meirelles disse que não pretende mais se candidatar a um cargo eletivo. “Passei a maior parte da minha vida no setor privado. Estou bem no setor privado. E pretendo continuar”, afirmou ele, que se candidatou também ao Congresso, em 2002, mas renunciou ao mandato para assumir a presidência do Banco Central a convite de Lula.

 

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