Se há 20 anos o Brasil era apenas uma fazenda de commodities para a China, hoje, em uma realidade pós-covid, a nova geopolítica global dá ao Brasil a oportunidade de ser o destino alternativo à China na reestruturação das cadeias globais de produção. É o que defendeu o economista Tony Volpon, ex-diretor do Banco Central.
“A crise da covid acelerou a disputa geopolítica e os problemas estruturais na economia chinesa. Com isso, uma grande dependência das cadeias globais da China é muito ruim”, destacou, nesta quinta-feira (15/12), no painel "O crescimento passa pela infraestrutura" do seminário Desafios 2023 — o Brasil que queremos, organizado pelo Correio Braziliense. O evento é realizado de forma semipresencial no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, com transmissões nas redes sociais e no site do jornal.
“Temos que estar focados nessa oportunidade única nos próximos 10 anos e entender o lugar do Brasil nesse novo mundo”, apontou o economista, que mora em Washington, nos Estados Unidos, onde é estrategista-chefe da Wealth High Governance (WHG), empresa de gestão de fortunas e ativos criada por ex-executivos do Credit Suisse.
Volpon afirmou também que a pressão pela redução da dependência da China fará muitas indústrias saírem do país, mas que isso não significa que virão para o Brasil. “A gente pode ser um grande ator desse processo, ou deixar o bonde andar", alertou. O país tem como vantagem uma matriz energética das mais limpas do mundo mas, ao mesmo tempo, está geograficamente mais distante dos grandes centros consumidores.
“A gente tem a oportunidade de ser hoje um player do ponto de vista global”, reforçou o economista. Mas para isso, segundo ele, o Brasil precisa realizar um conjunto de reformas de forma articulada para atrair esses investimentos e se tornar o principal destino dessas cadeias de produção.
Correio Debate
O seminário Desafios 2023 — o Brasil que queremos — reúne grandes especialistas, executivos, autoridades e integrantes da equipe de transição de governo para abordar as novidades e as transformações no próximo ano.
O formato do debate do Correio tem quatro painéis de discussão de temas que dominarão o cenário econômico do próximo ano: Responsabilidade fiscal e social, O crescimento passa pela infraestrutura, Educação: a sociedade quer ser ouvida e A saúde como fonte de sustentabilidade da nação. O encerramento do evento será feito pelo ex-presidente Michel Temer (MDB).
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