A presença da senadora Simone Tebet (MDB-MS), ontem, na cerimônia de encerramento dos trabalhos dos grupos temáticos do gabinete de transição agitou os bastidores do CCBB. Recebida como celebridade por voluntários que aguardavam, em fila, a hora de entrar no auditório, ela tirou fotos, ganhou abraços, deu entrevistas, mas recusou-se a comentar sua provável indicação para o ministério do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Essa costura está sendo conduzida pelo presidente do partido, deputado federal Baleia Rossi (SP), que, no início da manhã, reuniu-se por mais de uma hora com a presidente do PT e coordenadora política do gabinete provisório, Gleisi Hoffmann (PR). O MDB deverá ter três ministérios, e Tebet estará em um deles.
A senadora enfrenta a oposição de alas influentes do PT para assumir o futuro Ministério do Desenvolvimento Social, que substituirá a atual pasta da Cidadania. O órgão vai ser a responsável pela principal bandeira do partido, o Bolsa Família, e é a preferida da senadora, que foi uma das coordenadoras do grupo correlato do gabinete provisório. Com a reação petista, Tebet deverá, porém, ser aquinhoada com outra pasta de visibilidade. "Garanto que não serei ministra da Agricultura", assegurou.
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Agradecimento
Para evitar mais ruídos, Lula elogiou publicamente o apoio que recebeu da senadora à sua campanha, em uma das únicas citações nominais de políticos não petistas na lista de agradecimentos. O outro lembrado foi o senador paranaense Carlos Fávaro, cotado como nome do PSD para o Ministério da Agricultura.
"Quero agradecer à senadora Simone Tebet, que teve um papel importante na minha campanha, e a outras pessoas que, no anonimato, apoiaram a gente", disse o presidente eleito.
Tebet está convencida de que não precisa comprar briga com o PT. Pastas como Educação e Meio Ambiente (cuja principal candidata é a deputada eleita Marina Silva, Rede-SP) estão na mesa de negociação de Baleia Rossi com Gleisi e Lula. "Essa (definição de ministérios) é uma questão que vai ter que perguntar para o presidente do partido. Estou aqui como senadora e como convidada do grupo de coordenação na área do desenvolvimento social", desconversou a senadora sobre a presença no evento.
Além da pasta a ser destinada a Tebet, o MDB pleiteia mais dois ministérios para atender às bancadas na Câmara e no Senado. A cota dos senadores deverá ser preenchida pelo senador eleito Renan Filho, filho de Renan Calheiros (MDB-AL) — principal líder da bancada nordestina que apoiou Lula desde o primeiro turno. O representante da Câmara ainda está sendo negociado. O senador eleito Elder Barbalho tenta emplacar o nome do irmão, Jader Filho (MDB-PA), mas a bancada prefere um veterano como José Priante Junior, também paraense.
Também ontem, a cantora Margareth Menezes confirmou ter aceitado o convite de Lula — com quem se encontrou — para assumir o comando do Ministério da Cultura, que será recriado. (Colaborou Victor Correia)