Um dia após a onda de ataques em Brasília, o presidente Jair Bolsonaro (PL) participou nesta terça-feira (13/12) da cerimônia alusiva ao Dia do Marinheiro. Na ocasião, também houve a entrega da Medalha Mérito Tamandaré. Ao contrário de eventos anteriores pós-eleições, Bolsonaro trazia um semblante animado e até sorriu por algumas vezes. Acompanhado do vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos), o chefe do Executivo não discursou e se calou sobre os atos de vandalismo ocorridos na capital.
Apesar disso, foi lida na cerimônia uma mensagem de Bolsonaro por ocasião da data, que citava confiança do Brasil nas Forças Armadas. “O Brasil confia, a qualquer tempo, na atuacao indelevel de suas Forcas Armadas em prol da defesa de nossa Patria e pela garantia da liberdade do povo brasileiro.”
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“Como Comandante Supremo das Forcas Armadas, muito me orgulha perceber como os militares e servidores civis da Marinha dão prova diária dos nobres valores herdados do seu Patrono, ao cumprir com tenacidade e altruísmo a missão e as atribuições subsidiárias que competem a Nossa Força Naval”, destacou.
“No ano do Bicentenário da nossa Independência, sinto-me, juntamente com todos os brasileiros, um legítimo herdeiro da coragem, bravura e resiliência de Tamandaré, Heroi da Pátria, que teve participação decisiva em diversas passagens de nossa história, atuando em prol da manutenção das fronteiras, pelo desenvolvimento do País e, principalmente, pela defesa dos interesses nacionais e da liberdade do nosso povo”, emendou.
Indireta a Lula
Bolsonaro destacou que o país e a Marinha têm prestigio e respeito perante a população brasileira e a comunidade internacional. E, em indireta a Lula, disse ainda que as Forças “sempre lutarão para impedir qualquer iniciativa arbitrária que possa vir a solapar os interesses de nosso país”.
“Ao encerrar esta justa e merecida homenagem, reafirmo a todos os brasileiros o comprometimento da Marinha do Brasil com o futuro de nossa Pátria. Registro, como Presidente da Republica, a gratidão e o reconhecimento de nossa população pelos Marinheiros, Fuzileiros Navais e Servidores Civis de ontem e de hoje, que, até mesmo com o sacrifício da própria vida, lutaram e sempre lutarão para impedir qualquer iniciativa arbitrária que possa vir a solapar os interesses de nosso país, mantendo o Brasil como uma nação grande, livre e soberana, berço de povo resiliente e, acima de tudo, patriota”.
Desde a derrota nas urnas, Bolsonaro tem se mantido recluso. Após quase 40 dias, no último dia 9, conversou com apoiadores no Palácio da Alvorada. Durante um discurso ambíguo e deixando margens para interpretações, o chefe do Executivo pediu união, dizendo que "nada está perdido", reclamou de críticas e disse se responsabilizar por seus erros.
Ele acrescentou ser o “chefe Supremo” das Forças Armadas e que as mesmas são o “último obstáculo para o socialismo" e devem lealdade à população.
Bolsonaro afirmou também que “as decisões, quando são exclusivamente nossas, são menos difíceis e menos dolorosas. Mas quando passam por outro setor da sociedade, são mais difíceis e devem ser trabalhadas”. E emendou que é a população quem decidirá seu futuro e o das Forças Armadas.
“Quem decide o meu futuro, para onde eu vou, são vocês. Quem decide para onde vão as Forças Armadas, são vocês, quem decide para onde vai a Câmara, o Senado, são vocês também”, pontuou na data.
O chefe do Executivo também tem participado de eventos militares. Desde o começo do mês, participou de outras quatro solenidades. No começo do mês, esteve na Promoção de Oficiais-Generais do Exército. No dia 5, na cerimônia de cumprimentos dos Oficiais Generais das Forças Armadas. Todas em Brasília.
Já no dia 8, compareceu à cerimônia militar de declaração de aspirantes a Oficiais da Academia da Força Aérea, em Pirassununga, São Paulo. No dia 10, da cerimônia de declaração de Guardas-Marinha de 2022 e entrega de espadas à Turma “Patriarca da Independência”, no Rio de Janeiro.
Ataques
Ontem, no início da tarde, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva foi oficialmente reconhecido pela Justiça Eleitoral como o vencedor das eleições gerais definidas em 30 de outubro. Durante a solenidade, tanto Lula quanto o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Alexandre de Moraes, exaltaram a força da democracia brasileira. No início da noite, porém, a civilidade deu lugar à baderna.
Por volta das 20h30, o centro da capital se tornou alvo de atos terroristas. Em protesto contra a prisão de um ativista, acusado de promover atos antidemocráticos, extremistas tentaram invadir a sede da Polícia Federal na área central de Brasília. Fizeram mais: atearam fogo em ônibus e carros que estavam na região. Em um dos locais, um carro foi incendiado ao lado de um posto de gasolina, em altíssimo risco de uma explosão.
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