Após hiato de mais de 40 dias, o presidente Jair Bolsonaro (PL) conversou nesta sexta-feira (9/12) com apoiadores no Palácio da Alvorada. Durante um discurso ambíguo e deixando margens para interpretações, o chefe do Executivo pediu união, dizendo que "nada está perdido", e comentou sobre as críticas que tem recebido. O pronunciamento ocorreu no mesmo dia em que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou ministros de seu governo.
"Se estou aqui é porque, primeiro, acredito em Deus. Segundo, devo lealdade ao povo brasileiro. Ao longo de quatro anos nós despertamos o patriotismo no Brasil. O povo voltou a admirar a sua bandeira, o povo voltou a acreditar que o Brasil tem jeito. Não é fácil enfrentar todo um sistema. A missão de cada um de nós aqui não é criticar, é unir", apontou aclamado ao som de "Eu autorizo", "Nós amamos o senhor" e "Ou ficar a Pátria livre ou morrer pelo Brasil".
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"Muitas vezes, vocês têm informações que não procedem, e que, pela angústia, pelo cansaço, pelo momento, passam a criticar. Tenham certeza de que entre as minhas funções está a de ser o chefe supremo das Forças Armadas. As FA são essenciais em qualquer país do mundo, sempre disse, ao longo desse quatro anos, que as FA são o último obstáculo para o socialismo", completou.
O presidente falou ainda em "dar a vida" pelo Brasil. "Nada está perdido. O ponto final é somente com a morte. Nunca saí de dentro das quatro linhas da Constituição e acredito que a vitória será também dessa maneira. Dou a minha vida pela minha pátria."
"Não é por mim, é pelo país de vocês"
Apoiadores endossaram a fala com gritos de "nós também". Em indireta a Lula, o presidente exemplificou que "não se faz um bolo diferente com o mesmo ingrediente".
"A vida física se preciso for. Nós temos como mudar o futuro da nossa nação. Com o mesmo ingrediente, ninguém pode fazer um bolo diferente, desse ingrediente que temos pela frente, já sabemos o que aconteceu. Vocês também estão aqui, não é por mim, é pelo país de vocês."
Sem detalhar a que se referia, Bolsonaro disse ainda que cada um deve ver o que pode fazer para salvar a Pátria. Adotando tom pré-campanha, ele também falou em "vitória".
"Vamos acreditar, vamos nos unir, criticar só quando tiver certeza absoluta, buscar alternativas. E cada um vê o que ele pode, de fato, fazer pela sua pátria. Algumas pessoas aqui na frente, eu reconheço o que já perderam, que poderão perder mais ainda. Conheço o temor de muitos de vocês, não é diferente do meu temor. Quando vejo crianças na minha frente, eu tenho uma filha de 12 anos, todos temos filhos, netos, sobrinhos... Não podemos esperar chegar lá na frente, olhar para trás e dizer: 'O que eu não fiz lá atrás para chegarmos a essa situação de hoje em dia'. Sabemos que o tempo voa. Cada minuto é um minuto a menos. Vamos fazer a coisa certa. Diferentemente de outras pessoas, vamos vencer."
Bolsonaro disse acreditar em seus apoiadores, garantindo que "tudo dará certo em momento oportuno". "Vocês se manifestam de acordo com as nossas leis, vocês são cidadãos de verdade. Está na hora de parar de ser tratado como outra coisa aqui no Brasil. Acredito em vocês. Vamos acreditar no nosso país. Se Deus quiser, tudo dará certo em momento oportuno".
Forças Armadas
Ele pontuou ainda ser o "chefe Supremo" das Forças Armadas e que as mesmas são o "último obstáculo para o socialismo" e devem lealdade à população.
"As Forças Armadas, tenho certeza, estão unidas. As Forças Armadas devem, assim como eu, lealdade ao nosso povo, respeito à Constituição e são uns dos grandes responsáveis pela nossa liberdade".
Bolsonaro pontuou também que "as decisões quando são exclusivamente nossas, são menos difíceis e menos dolorosas. Mas quando passam por outro setor da sociedade, são mais difíceis e devem ser trabalhadas".
E emendou que é a população quem decidirá seu futuro e o das Forças Armadas. "Quem decide o meu futuro, para onde eu vou, são vocês. Quem decide para onde vão as Forças Armadas, são vocês, quem decide para onde vai a Câmara, o Senado, são vocês também".
Sobre pedidos antidemocráticos para que as Forças Armadas impeçam a posse de Lula, Bolsonaro rebateu: "Não é eu autorizo não. É o que eu posso fazer pela minha pátria. Não é jogar a responsabilidade para uma pessoa. Eu sou exatamente igual a cada um de vocês que está aqui. De carne, unha e sentimento".
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