Novo governo

Lula deverá ir aos EUA para reunião com Biden só em janeiro, diz ex-chanceler

Presidente eleito se reuniu nesta segunda-feira (5/12) com o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan

O ex-chanceler Celso Amorim, do grupo de transição do governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou nesta segunda- feira (5/12) que Lula deverá viajar aos Estados Unidos para reunião com o presidente norte-americano Joe Biden apenas em janeiro, após a posse. A declaração ocorreu depois da reunião do petista, no final da manhã, com o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan.

Também estavam presentes Juan Gonzales, assessor do governo dos EUA para América Latina, Ricardo Zúñiga, vice-secretário de Estado para assuntos de Hemisfério Ocidental, e Douglas Koneff, encarregado de negócios da embaixada no Brasil.

"Ele fez questão de dizer que o presidente Biden receberia o presidente Lula antes mesmo da posse. O presidente Lula comentou a situação interna, medidas que têm que ser tomadas, negociações que estão ocorrendo, e disse que talvez não desse. Não disse não, mas falou que talvez não desse. Valorizou muito o fato de ter o convite feito dessa maneira, mas disse que talvez não desse para estar lá antes da posse. Ele acha que dá pra ir logo no início do ano, também já numa visita oficial como presidente”, relatou Amorim.

Saiba Mais

Em coletiva de imprensa, no último dia 2, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), o petista disse que a visita ocorrerá após a diplomacia da Presidência, marcada para o dia 12 de dezembro.

Por meio das redes sociais, o presidente Lula comentou sobre o convite recebido e se disse animado para o encontro com o democrata americano. “Recebi hoje do conselheiro de segurança norte-americano @JakeSullivan46 o convite do presidente @JoeBiden para visitá-lo na Casa Branca. Estou animado para conversar com o presidente Biden e aprofundar a relação entre nossos países”, apontou, publicando uma foto junto a Sullivan.

Do lado brasileiro, além de Lula e Amorim, também acompanharam a reunião, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) e o senador Jaques Wagner (PT-BA). O encontro durou duas horas.

Amorim afirmou que a conversa abrangeu temas regionais e internacionais. “Temas ligados à cooperação, desenvolvimento, cooperação de tecnologia, desenvolvimento sustentável, cooperação científica, tecnológica. Falaram muito de clima, de saúde global, da necessidade de fortalecer democracia aqui na região. Foi conversado com muita clareza temas importantes, como a Guerra da Rússia com a Ucrânia, por exemplo.”

G20

Também foi discutido sobre o G20, grupo de países com as maiores economias mundiais. “O presidente Lula deu muita ênfase à necessidade de uma nova governança mundial, mencionando inclusive o Conselho de Segurança, e o Jake disse que, na última Assembleia-Geral, o presidente Biden já tinha mencionado a necessidade também de mudar o Conselho, mudar o número de membros, mas isso como parte de uma uma mudança mais geral da governança global”, acrescentou.

Ainda segundo Amorim, Sullivan recordou que a Indonésia é a atual presidente do G20, que a Índia é a próximo e o Brasil terá a liderança do grupo em 2024. Ele disse que os EUA demonstraram interesse em cooperar com o Brasil “para fazer do G20 um instrumento importante de uma governança global mais democrática e mais justa”.

Meio ambiente e democracia

Também foram pauta o meio ambiente e a democracia brasileira. “Falaram muito de clima, naturalmente das grandes ameaças, falaram muito de saúde global. Falou-se daqui da região, da necessidade de encontrar também e fortalecer a democracia na região de maneira positiva e boa para todos os lados através do diálogo”, emendou Celso Amorim, dizendo que Biden pretende fazer uma reunião de cúpula com os presidentes amazônicos.

E lembrou que foi feita ainda uma comparação entre o trumpismo e o bolsonarismo.

“Se fez uma comparação entre o trumpismo e bolsonarismo, e a necessidade de reforçar a democracia. E Jake assentou a importância da eleição, como foi democrática com a vitória de Lula, como isso foi importante para a democracia no Brasil e no mundo”, continuou.

Sobre a guerra da Rússia na Ucrânia, o ex-chanceler afirmou que o conselheiro americano teceu análises a respeito do tema. "Ele fez uma análise da guerra, análise das dificuldades, que os EUA, obviamente, desejam a paz, que a guerra está custando muito a todos. Dentro do contexto dessa análise, Sullivan mencionou a expectativa de que outros países podem ajudar, mencionou, por exemplo, a Turquia na questão dos grãos", disse.

A crise na Venezuela foi outro assunto discutido. Para os americanos, “é fundamental que haja uma eleição que possa ser considerada justa no país venezuelano”. Lula, por sua vez, falou da importância de se reconhecer realidades, lembrou experiências do passado e pregou o diálogo.

Por fim, trataram ainda da situação do Haiti e a proposta dos EUA de uma missão internacional no país. Amorim destacou que apesar de a missão no Haiti ter sido mencionada por Sullivan, não houve pedido específico.

"O tema do Haiti foi mencionado. O próprio presidente Lula lembrou o empenho que o Brasil teve no passado na questão do Haiti, enfrentando às vezes até oposição interna, e a preocupação que ele tem porque, aparentemente, a situação hoje é muito pior do que era há 14, 15 anos. Não vou entrar em detalhes, mas ele (Jake Sullivan) revelou também essa preocupação (com o Haiti), mas não fez nenhum pedido específico ao Brasil", concluiu. 

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