NOVO GOVERNO

Deputados da base de Lula e do governo Bolsonaro discutem PEC da Transição

Enquanto a PEC tramita no Senado, deputados foram à tribuna nesta quinta-feira (1º/12) debater o tema. Há divergências sobre duração e valor da excepcionalização de recursos do teto

Deputados federais discutiram nesta quinta-feira (1º/12), na tribuna da Câmara, a PEC da Transição que tramita atualmente no Senado Federal. A base do novo governo argumenta que a aprovação do texto é fundamental para a manutenção de serviços essenciais a partir do próximo ano, e que é necessário, para dar previsibilidade à economia, que a duração da medida seja de quatro anos. A base do atual governo, porém, critica o valor de R$ 198 bilhões estimado inicialmente para a medida e defende que a excepcionalização de recursos seja feita com R$ 52 bilhões, e duração de um ano.

Para o líder do PT na Câmara, Reginaldo Lopes, é “impossível” aprovar a PEC com um período de um ano. Ele defende que haja previsibilidade na medida, e que a excepcionalização de recursos do teto de gastos tenha duração de quatro anos, o que está contido no texto inicial da medida, em tramitação no Senado.

Saiba Mais

“Ao internalizar essas despesas no Orçamento de 2023, elas se tornarão obrigatórias no Orçamento de 2024. Por isso é impossível falar em aprovar por um ano”, discursou Lopes na tribuna do plenário. “Nós precisamos de fato rever os recursos do Ministério da Saúde, do Ministério da Educação. [...] Se não, o país entra em uma situação de ingovernabilidade”, disse ainda.

O deputado afirmou também que o governo de Jair Bolsonaro (PL) já rompeu o teto de gastos cinco vezes durante o seu mandato, e que deve romper uma sexta vez ao final deste ano. Para Lopes, o teto deve ser rediscutido durante o próximo governo. “Isso comprova, num governo que defende as regras fiscais, que essa regra é insustentável e que esse Congresso deve, de maneira séria, discutir uma nova regra fiscal. Mas o governo de transição não tem condição de fazer esse debate em 10, 15 dias”, defendeu.

Reginaldo Lopes integra o “centro de governo” da transição, que cuida da articulação política para formar a base do novo governo nas Casas Legislativas e também para aprovação da PEC da Transição o mais rápido possível.

O deputado federal Henrique Fontana (PT-RS) também defendeu a PEC na tribuna da Câmara. “Eu não acredito que tenha um parlamentar que me diga que um programa como o Bolsa Família possa ser cortado enquanto 33 milhões de pessoas passando fome”, afirmou. Fontana também rebateu as críticas da oposição ao novo governo, que falam que a PEC é um “cheque em branco”. “O nosso governo, quando governou o país, trouxe equilíbrio fiscal, econômico, crescimento e equilíbrio social para esse país”, frisou.

"Com R$ 80 bilhões se resolve tudo"

Para a base do atual governo, o valor previsto de R$ 198 bilhões no texto inicial é alto demais. “Para que um cheque de R$ 198 bilhões?”, questionou o deputado Dr. Frederico (Patriota-MG). “Isso vai gerar desemprego, diminuição de renda, desigualdade social e falta de transparência. Com R$ 80 bilhões se resolve tudo, não precisa de R$ 198 bilhões. E isso é um gasto fora do teto, não pode ter validade indeterminada, nem de quatro anos. É anual”, completou.

Já o deputado Luiz Lima (PL-RJ) defendeu que R$ 52 bilhões são o suficiente para manter o pagamento do benefício de R$ 600. Ele também criticou o autor da matéria, senador Marcelo Castro (MDB-PI). “Nós temos uma PEC do Estouro que vai desencadear um problema na nossa legislação e na Constituição. Me admira o senador Marcelo Castro. O MDB se agarra a tudo, parece carrapato, office-boy de luxo apresentando uma PEC de R$ 200 bilhões”, atacou.

Cobertura do Correio Braziliense

Quer ficar por dentro sobre as principais notícias do Brasil e do mundo? Siga o Correio Braziliense nas redes sociais. Estamos no Twitter, no Facebook, no Instagram, no TikTok e no YouTube. Acompanhe!

Newsletter

Assine a newsletter do Correio Braziliense. E fique bem informado sobre as principais notícias do dia, no começo da manhã. Clique aqui.