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38 anos e 11 presidentes no poder: veja as capas do Correio das posses

O Correio Braziliense testemunhou de perto diversos momentos da chegada ao poder de presidentes ao longo da história. Nesta segunda-feira (2/1) sairá a 12ª capa de posse do jornal

Ândrea Malcher
Mariana Albuquerque*
postado em 31/12/2022 06:00 / atualizado em 31/12/2022 12:27
 (crédito: Reprodução/CB/D.A. Press)
(crédito: Reprodução/CB/D.A. Press)

Trinta e oito anos e 11 primeiras páginas que registram parte da história do Brasil. De José Sarney, que assumiu a Presidência com a doença de Tancredo Neves, a Jair Bolsonaro — que foi embora do país, ontem, para não passar a faixa presidencial a Luiz Inácio Lula da Silva, cuja 12ª capa preencherá o quadradinho que falta na fileira acima, a partir deste domingo (31/12).

Em todas, o Correio Braziliense testemunhou de muito perto o momento mais solene dos governos, como mostra o levantamento feito por Francisco Lima, do Centro de Documentação (Cedoc) do jornal. Neste resgate histórico, nem sempre os eleitos para o cargo mais importante da República chegaram ao fim do mandato, como Fernando Collor e Dilma Rousseff.

São muitas histórias. O Correio presenciou a posse da primeira mulher no comando do país. Cobriu, ainda, a chegada ao poder do primeiro presidente pós-redemocratização e Constituição de 1988. Viu, também, duas reeleições — com Fernando Henrique Cardoso e Lula — e assistirá, agora, um presidente voltando ao Palácio do Planalto pela terceira vez.

Acompanhou, ainda, a chegada ao poder de três vices — José Sarney, Itamar Franco e Michel Temer —, que completaram os mandatos para os quais foram eleitos. E fez a cobertura de um presidente que, de forma inédita desde que a emenda da reeleição foi aprovada pelo Congresso, não conseguiu a recondução ao cargo.

  • Capa Correio posse Bolsonaro Reprodução
  • Capa Correio posse Temer Reprodução
  • Capa Correio Dilma 2 Reprodução
  • Capa Correio Dilma 1 Reprodução
  • Capa Correio Lula 2 Reprodução
  • Capa Correio Lula 1 Reprodução
  • Capa Correio posse FHC 2 Reprodução
  • Capa Correio posse FHC Reprodução
  • Capa Correio posse Itamar Reproução
  • Capa Correio posse Collor Reprodução
  • Capa Correio posse de Sarney Reproduções/CB/D.A Press

 

Profissionais do Correio que já participaram da cobertura de posses presidenciais comentam a importância desse momento. O fotojornalista Wanderley Pozzembom ressalta as diferenças entre os presidentes para o registro fotográfico. "Apesar de serem presidentes muito diferentes, Fernando Henrique Cardoso posava para foto. Ele era treinado e era organizado. O Lula te dava a imagem, que era o braço do povo. Era diferente fotografar o presidente que era a cara do trabalhador brasileiro”, conta.

Em janeiro de 2019, ao retratar a posse de Jair Bolsonaro, o Correio registrou a imagem da primeira dama, Michelle Bolsonaro, dando um beijo no marido. Atrás do casal, aparece o vice-presidente, Hamilton Mourão, sorridente. “Choro, beijo e proposta de reconstruir o Brasil”, diz a manchete. Primeiro presidente a perder a reeleição desde a redemocratização, Bolsonaro não transmitirá a faixa presidencial ao seu sucessor.

A poucas horas de receber a honraria pela terceira vez, Luiz Inácio Lula da Silva já teve também o privilégio de transferir o poder presidencial a um aliado. Em 2011, Dilma Rousseff chegou ao Planalto com a missão de dar continuidade à gestão petista. "Podemos fazer mais e melhor”, dizia a capa de 2 de janeiro, registro da  primeira mulher a assumir a Presidência da República.

“Sinto alegria por ter vencido os desafios e honrado o nome da mulher brasileira. O nome de milhões de mulheres guerreiras, mulheres anônimas que voltam a ocupar, encarnadas na minha figura, o mais alto posto dessa nossa grande nação”, afirmou a presidenta.

Solenidade e festa

Antes da era petista, a política brasileira ficou marcada pelo combate feroz contra a hiperinflação. Em 1994, o Plano Real instaurou a nova moeda e estabilizou uma economia abalada por uma severa carestia e fragilidade monetária. Em 1995, informou o Correio, Fernando Henrique Cardoso anunciou um “mutirão para acabar com fome e a miseria”.

Colunista do Correio Braziliense, Denise Rothenburg comenta o que significou a ascensão de FHC ao mais alto cargo da República. “Com Fernando Henrique, a posse teve outra cara. Foi uma posse inclusive com o Pelé, que era ministro do esporte, super assediado no Itamaraty. Foi uma posse protocolar, mas mais festiva", relembra. "FHC levou vários partidos para lá, havia a animação do Plano Real. Davam as cédulas para que ele assinasse no dinheiro", conta.

Rothenburg também aponta diferenças de estilo entre FHC e Lula. "Lula inaugura as posses das festas. A primeira posse dele lotou a Esplanada. Foi uma posse pomposa, com show, com festa. E o público era mais povo, mais gente, você via que as pessoas estavam se sentindo no poder.”, conta a jornalista especializada em política.

Momento solene da política, a posse também marca a trajetória de todo jornalista. Testemunha de coberturas presidenciais desde o início da redemocratização, o repórter especial Vinicius Doria pontua curiosidades que viveu. ”Eu cobri posses presidenciais desde a posse de José Sarney após a morte de Tancredo. De lá pra cá, pelo menos duas me chamaram muito a atenção pela transição e pela posse", enumera.

"A primeira foi a posse do presidente Fernando Collor de Mello. Após uma transição meio caótica, que se deu no anexo do Palácio do Itamaraty, havia um grupo de políticos que não estavam muito habituados com o dia a dia de Brasília e um presidente eleito com um discurso muito virulento contra a política e contra o presidente José Sarney", descreve Doria. "Mesmo assim, Sarney demonstrou muito altruísmo e compromisso com o que ele chamava de liturgia do cargo. E fez a transmissão e passou a faixa para Fernando Collor de Mello”, conta.

“A outra posse que me marcou muito foi a primeira de Lula na presidência em 2003. E aí numa situação completamente oposta àquela vivida por Sarney e Collor. O candidato de Fernando Henrique Cardoso  havia perdido a eleição. Mesmo assim, ele institucionalizou o governo de transição. Propôs leis para que a transição se desse num ambiente institucional. Cedeu o CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) para o governo de transição — e o CCBB acabou virando até hoje a casa da transição em Brasília", conta Vinicius Doria.

"Fernando Henrique foi além, não só passou a faixa pra Lula, como desejou boa sorte ao sucessor. Dali em diante, FHC e Lula passaram a ter uma relação de muito mais proximidade, e até de amizade”, completou.

*Estagiária sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza

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