NOVO GOVERNO

Joênia Wapichana assumirá a presidência da Funai, anuncia Lula

O presidente eleito tinha afirmado que, tanto a Funai quanto a Sesai, seriam comandados por indígenas. Lula anunciou, na quinta-feira (29/12), Sônia Guajajara para o Ministério dos Povos Indígenas

Aline Gouveia
postado em 30/12/2022 19:32 / atualizado em 30/12/2022 19:48
 (crédito: Cleia Viana/Câmara dos Deputados)
(crédito: Cleia Viana/Câmara dos Deputados)

Após anunciar Sônia Guajajara para assumir o Ministério dos Povos Indígenas, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva escalou Joênia Wapichana para a presidência da Fundação Nacional do Índio (Funai). "Pela primeira vez, finalmente teremos a Funai presidida por uma mulher indígena, dentro da estrutura do Ministério dos Povos Indígenas. Novos tempos para o Brasil", disse Lula no Twitter.

Joênia foi a primeira advogada e deputada federal indígena eleita do Brasil. Ela disse que aceitou o convite de Lula para "reconstruir e fortalecer os povos indígenas a partir da Funai". Na reunião entre o presidente eleito e Joênia, que ocorreu nesta sexta-feira (30/12), estiveram presentes o cacique Raoni Metuktire, Davi Kopenawa, Beto Marubo e outras lideranças indígenas. Lula tinha afirmado, na quinta-feira (29/12), que a Funai e a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) seriam comandados por indígenas. 

A partir de janeiro, a Funai deixará de integrar o Ministério da Justiça e Segurança Pública e passará a compor o Ministério dos Povos Indígenas. "O presidente ouviu nossas demandas e teve o compromisso de reafirmar a prioridade e atuação para fortalecer os povos indígenas. Para nós, é importante a retomada das demarcações, sei que será difícil, porque deixaram a Funai sucateada", disse Joênia, que encerrou o mandato na Câmara dos Deputados.

Ela ressaltou também que vai liderar sempre mantendo o diálogo com as diversas lideranças dos povos originários. "Teremos que fazer muito trabalho para que os os povos indígenas sejam mantidos nesses espaços e possam se fortalecer nessas representações e para que a gente nunca esqueça de onde viemos e do nosso compromisso coletivo", afirmou.

Trajetória

Joênia Wapichana nasceu em 20 de abril de 1973, na comunidade indígena Truaru da Cabeceira, em Boa Vista, Roraima. Wapichana é a segunda maior etnia do estado de Roraima. Formada em Direito, em 1997, na Universidade Federal de Roraima (UFRR), ela passou a atuar em defesa das comunidades originárias por meio da assessoria jurídica do Conselho Indígena do estado natal.

Além de se tornar a primeira advogada indígena, ela também foi pioneira ao fazer sustentação oral no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a resistência contra o processo de demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em 2008.

Em 2011, Joênia cursou mestrado Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, por meio de um bolsa de estudos. No período de 2001 a 2006, ela participou das discussões sobre a Declaração dos Direitos Humanos da ONU e, em 2004, conquistou o prêmio Reebok, que é concedido a ativistas que atuam em defesa do meio ambiente no mundo.

A futura presidente da Funai também foi a primeira presidente da Comissão Nacional de Direitos dos Povos Indígenas da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em 2013. E, de de 2013 a 2015, atuou como conselheira do Fundo Voluntário da ONU para Povos Indígenas.

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