O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva fechou, ontem, a composição de sua Esplanada com um número recorde de mulheres no primeiro escalão. Serão 11 ministras em um total de 37 pastas. Aumentar a participação feminina no governo foi uma das promessas do petista durante a campanha eleitoral, embora ele tenha evitado se comprometer com a paridade total nos cargos.
Também ontem, Lula confirmou que a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil serão capitaneados por gestoras. "Nunca antes na história do Brasil teve tantas mulheres ministras", discursou Lula. Os últimos anúncios de ministérios foram feitos durante coletiva de imprensa, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede do governo de transição.
"Nós vamos ter uma mulher presidenta da Caixa Econômica Federal e uma mulher presidenta do Banco do Brasil. O Banco do Brasil tem 200 anos, e nunca se pensou, nem de perto, de se ter uma mulher na presidência. Vamos provar que uma mulher pode ser muito melhor do que muitos homens que já presidiram o Banco do Brasil", declarou.
Entre as ministras, as seis primeiras foram anunciadas ao longo das duas últimas semanas. Luciana Santos chefiará a pasta de Ciência e Tecnologia. Já a Saúde será liderada por Nísia Trindade. Para a Cultura, foi anunciada a cantora Margareth Menezes. Cida Gonçalves estará à frente do Ministério da Mulher. A Igualdade Racial ficará a cargo de Anielle Franco, irmã da vereadora assassinada Marielle Franco. Por fim, Esther Duek chefiará o ministério da Gestão.
As cinco restantes foram oficializadas ontem, embora quase todas já eram dadas como certas para a composição da Esplanada. Simone Tebet irá para o Planejamento, enquanto Marina Silva voltará a comandar o Meio Ambiente. Sônia Guajajara ficará à frente do inédito Ministério dos Povos Indígenas. A ex-jogadora de vôlei Ana Moser foi escolhida para chefiar o Ministério dos Esportes, e Daniela do Waguinho, o do Turismo.
O recorde anterior de participação feminina foi da ex-presidente Dilma Rousseff, com 10 mulheres no primeiro escalão. O marco atual ainda está longe da paridade, já que as mulheres representam cerca de 51% da população brasileira. A composição, porém, foi considerada um importante avanço por especialistas.
Após o anúncio de Lula, algumas das futuras ministras falaram à imprensa. Em breve declaração, Simone Tebet garantiu que trabalhará em conjunto com o próximo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. "Já começamos tendo três identidades: somos professores universitários, ele tem parentes no meu estado, que são amigos em comum, e nós somos de origem libanesa. Não tem como dar errado", disse a senadora. Tanto o Planejamento como a Fazenda são resultado do desmembramento, em quatro pastas, do atual Ministério da Economia.
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Liderança
Já Marina Silva declarou que sua prioridade será combater o desmatamento, além de recolocar o Brasil como liderança internacional em políticas ambientais. "Política pública tem que ser duradoura, institucionalizada. Quando acontecem situações como essas, que nós vimos acontecer no governo Bolsonaro, o que sobrevive? São as políticas públicas bem desenhadas e institucionalizadas", explicou a deputada federal eleita.
Marina também elogiou a forma como o gabinete provisório conduziu a questão ambiental, que deve se refletir no trato dado ao tema pelo novo governo. "Foi muito rico, durante o processo de transição, ver todos os setores dialogando com a questão ambiental, com o termo de referência dado pelo presidente. Fico muito feliz, porque, antes, o meio ambiente era um setorial apenas do Ministério do Meio Ambiente."
A futura ministra adiantou que a pasta incluirá as Mudanças Climáticas em seu nome a partir de janeiro e que o cargo da autoridade climática também será criado a partir de março. Ela confirmou também sua participação no encontro anual do Fórum Econômico Mundial, que ocorre entre 16 e 20 de janeiro em Davos, na Suíça.
Sonia Guajajara, por sua vez, comemorou a criação do Ministério dos Povos Indígenas, classificando a pasta como "inédita e histórica". Para ela, o gesto de Lula representa uma reparação do direito dos povos indígenas. "É muito significativo para a gente poder mostrar que nós, povos indígenas, podemos, sim, fazer gestão", enfatizou.
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