Novo governo

Lula escala Esplanada turbinada de petista; veja o perfil dos 21 ministros

Presidente eleito anuncia mais 16 nomes para compor o ministério, chega a 21 escolhidos e empurra para a próxima semana a definição de indicados do MDB, do PSD e do União Brasil, partido do Centrão

Raphael Felice
Henrique Lessa
postado em 23/12/2022 04:00
 (crédito: Evaristo Sa / AFP)
(crédito: Evaristo Sa / AFP)

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou, ontem, em um auditório lotado de apoiadores no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), mais 16 nomes que vão compor o governo a ser iniciado em nove dias, entre os quais os das primeiras mulheres. O total chega, agora, a 21. O petista ainda tem de definir outros 16 ocupantes para a Esplanada dos Ministérios, o que deve ocorrer na próxima terça-feira. "Estamos tentando fazer um governo que represente, no máximo que a gente puder, as forças políticas que participaram da campanha", assegurou.

Apesar da declaração de reforçar a frente ampla e a expectativa com a divulgação de nomes dos partidos que vão compor a base de sustentação do futuro governo — legendas fundamentais para a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição —, Lula optou por anunciar apenas nomes mais próximos do campo da coligação petista.

Integrantes do PT, ou simpatizantes próximos, podem ser contabilizados em 11 dos 37 ministérios da nova Esplanada. O PSB, do vice-presidente Geraldo Alckmin, estará no comando de três pastas, uma delas pelo próprio ex-governador, que assumirá Indústria e Comércio. Já o PCdoB ficou com apenas uma, a de Ciência e Tecnologia, que coube a Luciana Santos. Três ministros são vinculados a movimentos sociais próximos ao campo da esquerda, como da futura ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco; da Cultura, Margareth Menezes; e dos Direitos Humanos, Silvio Almeida.

Dois nomes não têm histórico vinculado à política: a futura titular da Saúde, a presidente da Fundação Oswaldo Cruz, Nísia Trindade, primeira mulher no comando da pasta; e o próximo do Itamaraty, o embaixador Mauro Vieira. O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, foi filiado ao PTB de Roberto Jefferson, mas, ao assumir uma vaga no Tribunal de Contas da União (TCU), se afastou da vida partidária.

Mesmo com a hegemonia do PT, Lula pediu aos escolhidos que montem a equipe de forma plural. "Eu gostaria que os ministros e as ministras levassem em conta a pluralidade das pessoas que participaram da campanha. Somente assim a gente vai contemplar o espectro de quem participou dessa comissão de transição", ressaltou.

Negociações

Até o anúncio dos nomes da frente ampla, na terça-feira, as negociações com MDB, PSD e União Brasil devem continuar, mas agora com o espaço petista demarcado. A dúvida que fica é quanto à participação de nomes importantes como o da senadora Simone Tebet (MDB-MS), que chegou a sinalizar só ter interesse pelo Ministério do Desenvolvimento Social, mas viu Lula confirmar para a pasta o senador eleito Wellington Dias (MDB-PI). O petista oferece à parlamentar o Meio Ambiente. Isso, porém, pode criar dificuldade para acomodar a deputada eleita Marina Silva (Rede-SP), para quem a pasta ambiental parecia ser a escolha óbvia.

A frente ampla deve agora se debruçar sobre os ministérios com orçamentos mais significativos e ação nacional que sobraram. Na mesa de negociação ficaram ainda as pastas de Agricultura e Pecuária, Integração e Desenvolvimento Regional, Previdência Social, Cidades, Minas e Energia e Transportes. As outras 10 têm menor capilaridade nacional e menor orçamento, como Esportes, cotado para ficar com a ex-jogadora de vôlei Ana Moser, que Lula já teria convidado.

Segundo o deputado José Guimarães (PT-CE), a presença dos partidos do centro é certa no governo Lula. "O MDB terá presença na Esplanada. Com quantos, ou quem será, depende do presidente. Partido, não é o fulano ou a fulana, é o partido", sustentou.

Ao anunciar os novos escolhidos, Lula agradeceu aos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG); aos líderes dos partidos políticos; aos parlamentares das duas Casas que foram responsáveis pela aprovação da PEC da Transição.

Para Lula, a aprovação no Congresso criou um fato inédito: "É a primeira vez que um presidente da República começa a governar antes da posse. Tivemos a responsabilidade de fazer uma PEC que não era nossa, era para cobrir a irresponsabilidade do governo que vai sair, que não tinha colocado o dinheiro necessário para atender as pessoas com a política que ele próprio prometeu", criticou.

Veja o perfil da Esplanada de Lula até o momento

PRI-2412-MINISTERIO_LULA
PRI-2412-MINISTERIO_LULA (foto: Valdo Virgo)

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