Anunciado para o comando do Ministério do Desenvolvimento Social — que era pretendido pela senadora Simone Tebet (MDB-MS) —, Wellington Dias (PT-PI) afirmou que o foco inicial da pasta será "tirar o Brasil do mapa da fome".
"Vamos evitar desvios e fazer com que os recursos cheguem a quem mais precisa, seguindo o que foi programado com o presidente Lula, de transparência total", frisou. "Há milhões passando fome, e precisamos tirar essas pessoas do mapa da fome."
Dias também falou sobre o papel dos programas sociais para combater a penúria alimentar no país e criticou mudanças feitas pelo Auxílio Brasil, por entender que pessoas necessitadas podem estar sem receber o benefício, ser rebatizado de Bolsa Família. "Houve alterações no programa que causaram dificuldades. Precisamos estar debruçados no Cadastro Único (CadÚnico). O objetivo é buscar quem preenche os requisitos, e não deixar ninguém que preenche, fora", destacou.
Uma das áreas em situação mais grave, a Educação, ficará sob o comando do ex-governador Camilo Santana. O futuro ministro da pasta afirmou que o foco será a educação primária. "Vai ser um desafio enorme recompor os prejuízos. Para se ter uma ideia, o censo escolar de 2021 mostrou que mais de 650 mil crianças de até 5 anos abandonaram a escola nos últimos três anos. A gente pode observar que houve uma série de indicadores. Por exemplo, o Educação para Todos mostrou que houve um aumento de mais de 66% das crianças de 6 e 7 anos que não aprenderam a ler nem a escrever", ressaltou.
De acordo com Santana, o desafio se tornou maior devido à pandemia. "É preciso travar um grande diálogo com o país, todos os setores, especialistas, sociedade, para que a gente possa — porque é uma determinação do presidente Lula — colocar educação como prioridade, principalmente a educação básica, mas olhar pela visão sistêmica da educação, desde a infância até a pós-graduação", afirmou. "O foco prioritário neste momento é a educação básica, desde a educação infantil até o ensino médio", acrescentou o ex-governador do Ceará, estado que é referência em educação básica e pública no Brasil.
Perguntado sobre a possibilidade de nomear um integrante do Centrão para o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), com o objetivo de cumprir acordos, Santana desconversou. Ele se limitou a dizer que vai "dialogar". "Vamos discutir, vou conversar com especialistas para definir o melhor perfil, para que a gente possa comandar todos os órgãos e as secretarias dentro do ministério."
O Centrão, por sinal, fracassou na investida para comandar o Ministério da Saúde. Lula decidiu que o cargo ficará com a presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a socióloga Nísia Trindade. Nas últimas duas semanas, o nome dela na pasta foi posto em xeque em meio a articulações para aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição.
Integrantes de um dos partidos do Centrão, o Republicanos, queriam nomear um quadro para o ministério e teriam pedido ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), uma barganha em troca de apoio à PEC, mas as negociações não avançaram (leia mais sobre a nomeação de Nísia Trindade na página 6).
Participação do povo
No comando da Secretaria-Geral da Presidência — pasta do Palácio do Planalto responsável por auxiliar o presidente da República na gestão de estratégias do governo —, o deputado federal Márcio Macêdo (PT-SE) afirmou que o objetivo será ampliar a participação da população nas ações do Executivo.
"Vou me dedicar muito para que o povo passe a ter suas impressões digitais das políticas públicas que o presidente Lula vai implementar no país. Vamos recuperar a participação dos conselhos, conferências, ampliar a participação social para que o povo possa nos ajudar a governar o país", frisou. "O Palácio (do Planalto) é uma casa do povo brasileiro, e vamos trabalhar nesse sentido, de amplificar, aumentar e resgatar a participação popular no governo, o que estava diminuindo."
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