Antes dada como certa como uma das ministras de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a participação de Simone Tebet no futuro governo está seriamente ameaçada. No caminho daquela que foi a terceira colocada na corrida presidencial, e que teve papel importante na campanha do presidente eleito, está o PT, que reluta em entregar a ela a pasta do Desenvolvimento Social, de grande capilaridade e orçamento generoso. A senadora do MDB de Mato Grosso do Sul, por sua vez, não aceita ser alocada em outro ministério e, dessa maneira, está criado o impasse.
Apesar de ter sido considerada pelo próprio partido como uma ministra da cota pessoal de Lula, pessoas próximas a Tebet dizem que o presidente eleito não a convocou para conversar desde do início das negociações para a formação do novo governo. Apesar de o petista ter dito que a deseja no primeiro escalão do governo, fontes próximas à senadora afirmam que se ela não ficar à frente da pasta na área social — que administrará o Bolsa Família —, deve recusar ser encaixada em qualquer outro posto.
"Ela não precisa de um ministério só por ser um ministério", concordam interlocutores de Tebet. Caso a senadora fique de fora do governo, um dos projetos é que ela comece a viajar pelo Brasil para consolidar e aumentar o capital de votos obtidos na última eleição. "Se o PT quer tanto (o Ministério do Desenvolvimento Social), que fique com ele", desdenha uma pessoa próxima à parlamentar, sem esconder a irritação.
Caso a alternativa seja rodar pelo país, Tebet conta desde já com o apoio da cúpula do MDB — que se reuniu na última quarta-feira, na casa do ex-senador Eunício Oliveira (MDB-CE), onde os caciques do partido confirmaram o respaldo à senadora, que participou no encontro. mesmo assim, a legenda ainda trabalha com a expectativa de que levará três ministérios e que conseguirá alocá-la onde pretende.
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Planejamento
Enquanto Tebet pode ficar de fora da Esplanada, barrada pelo PT, o ex-governador de Alagoas e senador eleito Renan Filho foi sondado por pessoas próximas a Lula para assumir o futuro Ministério do Planejamento, que será recriado com o desmembramento do atual superministério da Economia. O convite foi confirmado por fontes do MDB.
A informação de que o filho do senador Renan Calheiros (MDB-AL) seria ministro já havia sido antecipada pelo Correio, mas não para o Planejamento, e sim para Minas e Energia — pasta que a legenda comandou em todos os governos petistas. Renan é, por enquanto, o primeiro nome do MDB com assento no futuro governo, e entra na cota da bancada do Senado. Depois da sondagem, o ex-governador disse que precisaria, primeiramente, conversar com seus pares.
Entregar o Planejamento ao MDB a princípio não estava no radar de Lula e de seu entorno, que estudavam convidar um economista de feições liberais para o cargo. Formuladores do Plano Real, como Pérsio Arida e André Lara Rezende, chegaram a ser cotados.
Para o MDB, o comando do Planejamento seria uma boa colocação, pois deixaria o partido dentro da equipe econômica. E o nome de Renan Filho representaria o rejuvenescimento da legenda, personificado por políticos como Tebet e o presidente do partido, deputado Baleia Rossi. O convite foi considerado bem-vindo, pois, na avaliação de uma fonte, assumir novamente as Minas e Energia passaria a ideia de volta ao passado, pois a pasta era considerada feudo do MDB.
Caso Renan Filho vá realmente para o Planejamento, prestigiará também MDB nordestino, que apoiou a candidatura de Lula desde o primeiro minuto. Mas há um efeito colateral: poe em outro patamar a disputa em Alagoas entre Renan pai e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), arquirrival do senador no estado.
Isso poderia, de alguma forma, prejudicar o relacionamento do deputado com o presidente eleito. Afinal, Lira cobrou de Lula a entrega de uma pasta com visibilidade e orçamento robusto — além do comando da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e do Banco do Nordeste — para aprovar a PEC da Transição.
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