Os desafios na saúde brasileira para os próximos anos passam pelo financiamento e elaboração de ações efetivas. Para Marlene Oliveira, presidente do Instituto Lado a Lado pela Vida, é necessário "uma transformação estrutural que resulte em políticas públicas que vão além do papel". No seminário Desafios 2023 - O Brasil que queremos, realizado pelo Correio Braziliense no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, nesta quinta-feira (15/12), a especialista destacou a importância do diálogo entre todos os setores da saúde.
Marlene também ressaltou a necessidade de fortalecimento do Programa Nacional de Imunização (PNI). Criado há 49 anos, o programa é referência mundial e oferta 47 imunobiológicos. No entanto, as taxas de vacinação no Brasil têm caído. A cobertura vacinal infantil, por exemplo, voltou ao patamar de 1987. "Tem que voltar para o centro da discussão", frisa a especialista sobre o PNI.
A Presidente do Instituto Lado a Lado pela Vida apresentou um panorama sobre doenças no país. Dados do Ministério da saúde apontam que, anualmente, 230 mil pessoas morrem por doenças cardiovasculares. Já as doenças raras atingem 13 milhões de brasileiros. E, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 2030 o câncer se tornará a principal causa de morte da população.
Segundo Marlene, é imprescindível que o governo formule políticas públicas direcionadas e ela citou um dado alarmante: 30% das pessoas diagnosticadas com doenças raras no Brasil morrem antes dos cinco anos de idade. "O que nós, enquanto país, estamos fazendo para ter um olhar para as doenças raras, cardiovasculares e cânceres?", indagou.
A especialista pontuou, ainda, que a saúde deve ser um programa de estado e não de governo. Ela lembrou que a maioria dos candidatos às eleições colocam a área como prioridade, mas que na prática o cenário é outro e que é importante o envolvimento e cobrança constante da sociedade civil para que, de fato, as demandas possam ser atendidas.
Marlene também falou sobre a necessidade de estruturar o Sistema Único de Saúde (SUS) com olhar atento à prevenção e diagnósticos precoces. Segundo a especialista, o paciente deve ser o centro do cuidado e as práticas em saúde devem ter uma atenção integral. "Precisamos repensar a estrutura como um todo. Nosso desafio é grande, falamos muito em financiamento em saúde, em recursos, mas temos que olhar para a estrutura também, como os desperdícios e corrupção", ressaltou.
Além disso, Marlene enfatizou que inovação em saúde é uma forma de ganho, sendo necessário o amplo diálogo entre especialistas, organizações civis, representantes da indústria farmacêutica e de equipamentos e também com startups. "Precisamos sentar à mesa e não olhar apenas para o próprio umbigo, mas com uma lente de aumento e tendo o paciente no centro do cuidado" , afirmou.
O Instituto Lado a Lado pela Vida trabalha pelo fortalecimento do sistema público de saúde e busca expor as fragilidades para ajudar a construir uma solução. "Ao longo dos últimos 15 anos, procuramos atuar de forma contributiva para que o Brasil alcance a equidade na saúde e a sustentabilidade econômica dos sistemas, tanto do SUS quanto da saúde suplementar", disse Marlene.
Correio Debate
O seminário Desafios 2023 — o Brasil que queremos reuniu grandes especialistas, executivos, autoridades e integrantes da equipe de transição de governo para abordar as novidades e as transformações no próximo ano.
O formato do debate do Correio teve quatro painéis de discussão de temas que dominarão o cenário econômico do próximo ano: Responsabilidade fiscal e social, O crescimento passa pela infraestrutura, Educação: a sociedade quer ser ouvida e A saúde como fonte de sustentabilidade da nação. O encerramento do evento será feito pelo ex-presidente Michel Temer (MDB).
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