A diretora do Centro de Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Cláudia Costin, defendeu uma educação em tempo integral para que as crianças obtenham um ensino sistêmico desde o Ensino Fundamental 2 até o Ensino Médio. Para a especialista, essa é a forma com a qual se conseguirá “nivelar” o jovem para ingressar na universidade preparado para o “mundo do trabalho”. A fala ocorreu durante o painel Educação: a sociedade quer ser ouvida, no seminário Desafios 2023-O Brasil que queremos, organizado pelo Correio Braziliense, e realizado de forma semipresencial no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília.
“É importante que o ensino médio não só prepare para o ensino superior, que ele diversifique, prepare para o mundo do trabalho. Virou tabu falar no ensino médio, falar em educar para o mundo do trabalho, como se o dia de nós adultos, o filé mignon não fosse o trabalho. É fundamental preparar para o mundo do trabalho que está em intensa transformação”.
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A especialista afirma que a transformação do mercado de trabalho, em alta velocidade, obriga que os jovens saibam mais que apenas conhecimentos decorados, pois as exigências se tornaram mais complexas.
“Hoje, a inteligência artificial vem substituindo o trabalho humano, inclusive trabalho humano que demanda competências cognitivas, em uma velocidade sem precedentes. Outros trabalhos estão sendo criados, mas demandam habilidades mais complexas. Saber a tabuada não vai ser mais suficiente, não é que não tenha que ter acesso a esses saberes, mas é muito importante um ensino que desenvolva pensamento sistêmico, capacidade de análise mais aprofundadas, resolução colaborativa de problemas com criatividade no ensino fundamental 2, no ensino médio, mas começando antes”, explicou.
Para isso, ela diz que o olhar para o ensino, em todas as etapas deve ser mais “acolhedor”, sobretudo com os jovens que saem do Ensino Fundamental 2. Para além disso, a universidade precisa ser vista como uma preparação para o futuro.
“Olhar para a universidade como um espaço não só de pesquisa, mas também de preparação para o futuro. Nós temos que ter um olhar andragógico, de pedagogia de adultos, de entender como eles aprendem e compensar o que eles perderam no ensino médio, para prepará-los para um mundo que não é mais o mesmo em que nós estudamos”, concluiu.
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