O quadro macroeconômico atual é bastante preocupante e fazer o Brasil voltar a crescer de forma sustentável será um dos desafios do novo governo a partir de 2023, porque há uma política fiscal trabalhando na contramão da política monetária. “Temos uma contradição na política macroeconômica, com o Banco Central conduzindo uma política monetária restritiva e, do outro lado, uma enorme expansão fiscal”, disse Fraga, nesta quinta-feira (15/12), na abertura do seminário “Desafios 2023-O Brasil que queremos”, organizado pelo Correio Braziliense, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília.
Acompanhe todas as informações do seminário neste link
“O quadro macroeconômico me preocupa muitíssimo, porque é um quadro em que a política monetária do Banco Central, que é apertada, vai ficar ainda mais difícil, porque estamos tirando água do convés de um lado, e, do outro, jogando água para dentro”, afirmou.
A atual política monetária, com juros básicos em 13,75% ao ano, está mais restritiva para o crescimento econômico e, na contramão, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição deve ampliar os gastos públicos em R$ 168 bilhões e provocar um rombo fiscal nas contas públicas do ano que vem mais perto de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) do que de 1,5%, pelas estimativas do ex-presidente do BC.
As estimativas de expansão do PIB estão abaixo de 1% em 2023, devido ao impacto defasado da política monetária e da perspectiva de continuidade da atual política fiscal, que está bastante expansionista. Uma das justificativas de integrantes do novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a aprovação da PEC da Transição é para financiar medidas para reduzir a desigualdade, como o novo Bolsa Família de R$ 600, mais R$ 150 por criança com menos de 6 anos.
O ex-presidente do Banco Central reconheceu a necessidade de os governos tratarem como emergência o combate à desigualdade e às injustiças sociais. Contudo, ele demonstrou preocupação com os desafios para a busca de um novo arcabouço fiscal para substituir o atual, que não funciona, na avaliação dele. “A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), de 2001, apesar de ter sido especialmente bem desenhada, não sobreviveu. E o teto de gastos (introduzido em 2016) não cumpre mais a sua missão”, frisou.
“O que está em questão é se é possível continuar com uma política fiscal expansionista”, destacou.
Cobertura do Correio Braziliense
Quer ficar por dentro sobre as principais notícias do Brasil e do mundo? Siga o Correio Braziliense nas redes sociais. Estamos no Twitter, no Facebook, no Instagram, no TikTok e no YouTube. Acompanhe!
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.