DESAFIOS 2023

Para Armínio Fraga, quadro macroeconômico é muito preocupante

"Estamos tirando água do convés de um lado, e, do outro, jogando água para dentro", diz Armínio Fraga sobre as contradições na política econômica

Rosana Hessel
postado em 15/12/2022 17:13 / atualizado em 15/12/2022 17:18
Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, abre o seminário ‘Desafios 2023 — o Brasil que queremos’ -  (crédito: Reprodução/Youtube Correio Braziliense)
Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, abre o seminário ‘Desafios 2023 — o Brasil que queremos’ - (crédito: Reprodução/Youtube Correio Braziliense)

O quadro macroeconômico atual é bastante preocupante e fazer o Brasil voltar a crescer de forma sustentável será um dos desafios do novo governo a partir de 2023, porque há uma política fiscal trabalhando na contramão da política monetária. “Temos uma contradição na política macroeconômica, com o Banco Central conduzindo uma política monetária restritiva e, do outro lado, uma enorme expansão fiscal”, disse Fraga, nesta quinta-feira (15/12), na abertura do seminário “Desafios 2023-O Brasil que queremos”, organizado pelo Correio Braziliense, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília.

Acompanhe todas as informações do seminário neste link

“O quadro macroeconômico me preocupa muitíssimo, porque é um quadro em que a política monetária do Banco Central, que é apertada, vai ficar ainda mais difícil, porque estamos tirando água do convés de um lado, e, do outro, jogando água para dentro”, afirmou.

A atual política monetária, com juros básicos em 13,75% ao ano, está mais restritiva para o crescimento econômico e, na contramão, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição deve ampliar os gastos públicos em R$ 168 bilhões e provocar um rombo fiscal nas contas públicas do ano que vem mais perto de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) do que de 1,5%, pelas estimativas do ex-presidente do BC.

As estimativas de expansão do PIB estão abaixo de 1% em 2023, devido ao impacto defasado da política monetária e da perspectiva de continuidade da atual política fiscal, que está bastante expansionista. Uma das justificativas de integrantes do novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a aprovação da PEC da Transição é para financiar medidas para reduzir a desigualdade, como o novo Bolsa Família de R$ 600, mais R$ 150 por criança com menos de 6 anos.

O ex-presidente do Banco Central reconheceu a necessidade de os governos tratarem como emergência o combate à desigualdade e às injustiças sociais. Contudo, ele demonstrou preocupação com os desafios para a busca de um novo arcabouço fiscal para substituir o atual, que não funciona, na avaliação dele. “A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), de 2001, apesar de ter sido especialmente bem desenhada, não sobreviveu. E o teto de gastos (introduzido em 2016) não cumpre mais a sua missão”, frisou.
“O que está em questão é se é possível continuar com uma política fiscal expansionista”, destacou.

 

  • Participação do ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, no painel especial sobre credibilidade para o crescimento durante o seminário ‘Desafios 2023 — o Brasil que queremos’ Khalil Santos/CB/D.A. Press
  • Seminário 'Desafios 2023 - o Brasil que queremos', promovido pelo Correio Braziliense, no Centro de Convenções. Na foto, Zeina Latif, economista. Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press
  • Seminário 'Desafios 2023 - o Brasil que queremos', promovido pelo Correio Braziliense, no Centro de Convenções. Na foto, Jorge Arbache, vice-presidente do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF). Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press
  • Seminário 'Desafios 2023 - o Brasil que queremos', promovido pelo Correio Braziliense, no Centro de Convenções. Na foto (e/d), Tony Volpon, Vicente Nunes e Jorge Arbache. Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press
  • Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, abre o seminário ‘Desafios 2023 — o Brasil que queremos’, promovido pelo Correio Braziliense, no Centro de Convenções. Na foto, Gabriel Leal de Barros, economista-chefe da Ryo Asset. Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press
  • Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, abre o seminário ‘Desafios 2023 — o Brasil que queremos’, promovido pelo Correio Braziliense, no Centro de Convenções. Na foto, Gabriel Leal de Barros, economista-chefe da Ryo Asset. Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press
  • Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, abre o seminário ‘Desafios 2023 — o Brasil que queremos’, promovido pelo Correio Braziliense, no Centro de Convenções. Na foto, Gabriel Leal de Barros, economista-chefe da Ryo Asset. Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press
  • Seminário ‘Desafios 2023 — o Brasil que queremos’, promovido pelo Correio Braziliense, no Centro de Convenções. Na foto, o correspondente internacional, Vicente Nunes. Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press
  • Seminário 'Desafios 2023 - o Brasil que queremos', promovido pelo Correio Braziliense, no Centro de Convenções. Na foto, José Roberto Afonso, economista e um dos pais da Lei de Responsabilidade Fiscal. Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press
  • Seminário 'Desafios 2023 - o Brasil que queremos', promovido pelo Correio Braziliense, no Centro de Convenções. Na foto, José Roberto Afonso, economista e um dos pais da Lei de Responsabilidade Fiscal. Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press
  • Juliana Damasceno, economista da Tendências Consultoria participou do primeiro painel do seminário ‘Desafios 2023 — o Brasil que queremos’, que discutiu responsabilidade fiscal e social Reprodução/Youtube Correio Braziliense
  • Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, abre o seminário ‘Desafios 2023 — o Brasil que queremos’ Reprodução/Youtube Correio Braziliense

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