Desafios 2023

"Se não quiser chamar de privatização, não chame", diz Armínio Fraga

Ao comentar sobre a necessidade de investimentos em infraestrutura, ex-presidente do BC destacou que investimento privado é fundamental para a retomada do crescimento

Rosana Hessel
postado em 15/12/2022 17:23 / atualizado em 15/12/2022 17:25
 (crédito: Khalil Santos/CB/D.A. Press)
(crédito: Khalil Santos/CB/D.A. Press)

Um dos principais desafios do crescimento do Brasil em 2023 será atrair investimentos privados para a área de infraestrutura, um dos principais setores onde o país precisa avançar para conseguir crescer de forma sustentada, independentemente da estratégia do próximo governo. “Se não quiser chamar de privatização, não chame. Mas tem outra alternativa”, pontuou o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, nesta quinta-feira (15/12), durante a abertura na abertura do seminário “Desafios 2023 — O Brasil que queremos”, organizado pelo Correio Braziliense, realizado no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília.

Fraga disse considerar que “a primeira oportunidade” para o país crescer é a infraestrutura e o país tem muitas áreas que precisam se desenvolver com a ajuda do investimento privado, pois o governo não tem esses recursos para investir. Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que não gosta da palavra privatização, mas gosta de falar em Parcerias Público-Privadas (PPPs), foi bem enfático de que não fará privatizações no novo governo.

  • Participação do ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, no painel especial sobre credibilidade para o crescimento durante o seminário ‘Desafios 2023 — o Brasil que queremos’ Khalil Santos/CB/D.A. Press
  • Seminário 'Desafios 2023 - o Brasil que queremos', promovido pelo Correio Braziliense, no Centro de Convenções. Na foto, Zeina Latif, economista. Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press
  • Seminário 'Desafios 2023 - o Brasil que queremos', promovido pelo Correio Braziliense, no Centro de Convenções. Na foto, Jorge Arbache, vice-presidente do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF). Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press
  • Seminário 'Desafios 2023 - o Brasil que queremos', promovido pelo Correio Braziliense, no Centro de Convenções. Na foto (e/d), Tony Volpon, Vicente Nunes e Jorge Arbache. Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press
  • Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, abre o seminário ‘Desafios 2023 — o Brasil que queremos’, promovido pelo Correio Braziliense, no Centro de Convenções. Na foto, Gabriel Leal de Barros, economista-chefe da Ryo Asset. Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press
  • Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, abre o seminário ‘Desafios 2023 — o Brasil que queremos’, promovido pelo Correio Braziliense, no Centro de Convenções. Na foto, Gabriel Leal de Barros, economista-chefe da Ryo Asset. Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press
  • Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, abre o seminário ‘Desafios 2023 — o Brasil que queremos’, promovido pelo Correio Braziliense, no Centro de Convenções. Na foto, Gabriel Leal de Barros, economista-chefe da Ryo Asset. Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press
  • Seminário ‘Desafios 2023 — o Brasil que queremos’, promovido pelo Correio Braziliense, no Centro de Convenções. Na foto, o correspondente internacional, Vicente Nunes. Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press
  • Seminário 'Desafios 2023 - o Brasil que queremos', promovido pelo Correio Braziliense, no Centro de Convenções. Na foto, José Roberto Afonso, economista e um dos pais da Lei de Responsabilidade Fiscal. Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press
  • Seminário 'Desafios 2023 - o Brasil que queremos', promovido pelo Correio Braziliense, no Centro de Convenções. Na foto, José Roberto Afonso, economista e um dos pais da Lei de Responsabilidade Fiscal. Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press
  • Juliana Damasceno, economista da Tendências Consultoria participou do primeiro painel do seminário ‘Desafios 2023 — o Brasil que queremos’, que discutiu responsabilidade fiscal e social Reprodução/Youtube Correio Braziliense
  • Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, abre o seminário ‘Desafios 2023 — o Brasil que queremos’ Reprodução/Youtube Correio Braziliense

“Temos todo o mundo da infraestrutura para investir. Tudo na infraestrutura precisa de investimento, mas também precisa de capital e precisa de gestão. Esse setor é um prato cheio para as PPPs, concessões, privatizações, seja que nome for, desde que tenha capital privado, porque o governo não tem”, explicou.
A boa gestão dos projetos e uma boa regulação serão fundamentais para atrair investidores em infraestrutura, na avaliação do ex-presidente do BC.

Outra área em que o país pode deslanchar é a do meio ambiente, de acordo com Fraga. “Essa tem tudo para ser uma enorme locomotiva do governo brasileiro. E precisa se por em movimento, por que é uma máquina que hoje tem demanda.

Ao falar sobre sonho, Fraga defendeu que o país desenvolva um modelo de Brasil verde, aproveitando as belezas naturais que o país tem como diferencial para desenvolver o turismo, olhando para modelos como os da Costa Rica, da Nova Zelândia e do Canadá. “Temos que ir muito além. Não estamos falando de mudanças climáticas apenas, de biodiversidade. Estamos falando de qualidade de vida da população, com praia limpa, rios com água de qualidade. Se isso vier acoplado com outras áreas, o Brasil seria um paraíso do turismo”, defendeu. “Isso tem a ver com a qualidade de vida, como já disse, e com a autoestima”, frisou.

Fraga também defendeu maior transparência nas políticas públicas e nos orçamentos dos governos federal, estaduais e municipais, a fim de escolher as prioridades, pois 80% das despesas primárias são destinadas para Previdência Social e folha de pagamento, quando há muita desigualdade no país. Para ele, é preciso olhar de forma muito sintética para os grandes blocos e, assim, tomar decisões mais conscientes sobre o que é preciso fazer com o Orçamento, pois “não há margem de manobra” e, muito menos, margem de segurança.

Correio Debate

O seminário que Armínio Fraga abriu reúne grandes especialistas, executivos, autoridades e integrantes da equipe de transição de governo para abordar as novidades e as transformações no próximo ano.
O formato do debate do Correio tem quatro painéis de discussão de temas que dominarão o cenário econômico do próximo ano: Responsabilidade fiscal e social; O crescimento passa pela infraestrutura; Educação: a sociedade quer ser ouvida; e A saúde como fonte de sustentabilidade da nação.
O encerramento do evento será feito pelo ex-presidente Michel Temer (MDB).

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