Antes da prisão de José Acácio Serere Xavante, 42, na segunda-feira, 12, o presidente Jair Bolsonaro (PL) teve encontro com o filho do indígena no Palácio da Alvorada. Bolsonaro chegou a colocar sobre a cabeça um cocar tradicional que ganhou do garoto. O próprio Serere estava no local, junto dos manifestantes que apoiam o presidente.
O menino estava no meio da multidão que gritava palavras de ordem a favor de Bolsonaro e contra o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. O filho de Serere foi uma das crianças que puderam atravessar o espelho d'água na frente do Alvorada, abraçar e tirar fotos com Bosonaro. O perfil oficial do presidente no Facebook transmitiu o encontro com os apoiadores, por volta das 17h40.
A prisão ocorreu, segundo a Polícia Federal, "no fim da tarde". Na tranmissão, um padre acompanhava Bolsonaro e pedia bençãos da multidão ao presidente. O mesmo religioso incentivou a multidão a gritar que "bandido" não pode ser presidente.
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Os mandados de busca e de prisão contra Serere foram assinados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ainda no dia 10, dois dias antes do cumprimento. Ele foi preso a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), que detectou indícios de crimes de "ameaça, perseguição e abolição violenta do Estado Democrático de Direito".
As ameaças, segundo a PGR, eram voltadas ao presidente diplomado, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e ministros do STF. O indígena foi preso enquanto se deslocava de volta ao acampamento de bolsonaristas montado em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília. Inicialmente, permanecerá encarcerado por dez dias.
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Ao voltar para o acampamento com a mãe e a irmã, o filho do indígena deu uma versão sobre o ocorrido que foi transmitida pela internet por outros apoiadores. "Quando colocaram meu pai no camburão e eu fui defender ele, o federal fez assim e apontou a arma para mim", disse.
Antes da prisão, José Acácio Serere havia ido ao Alvorada outras vezes. Os discursos estão registrados nas redes sociais. Ele fez ameaças a ministros, chamou Alexandre de Moraes de "marginal" e chegou a pedir para que Bolsonaro não entregue o cargo.
"Nós exigimos anulação dessa eleição ou vai acontecer aqui uma guerra civil. Vamos detonar esse povo bandido do STF", disse.
Bolsonaro não discursou à militância. Quem fez as vezes de orador foi o padre Genésio Ramos, de Goiás, apoiador do presidente. Ele pediu orações ao chefe do Poder Executivo e disse que o povo foi "estuprado por uma organização criminosa".
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