O ex-senador e deputado federal eleito Lindbergh Farias (PT-RJ) defendeu nesta quarta-feira (30/11) que o ministro da Articulação Política do novo governo seja um dos primeiros a serem definidos. Segundo Farias, a aprovação da PEC da Transição é a grande prioridade do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que atua também para a formação de sua base política. Sobre o apoio à reeleição de Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, o deputado eleito defende que será uma “relação diferente” do que acontece com o atual governo.
“Articulação Política é que dá muito trabalho, você conversar com todos os partidos, é uma trabalheira. Tem que ter alguém, e aí é a minha avaliação, para conduzir essas negociações. Uma coisa é uma conversa do Lula e da Gleisi (Hoffmann), mais geral. Outra coisa é aquela conversa do Congresso, conversar um a um”, disse Farias no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), onde participa de uma reunião do GT de Centro de Governo.
Também participam do encontro o senador Jaques Wagner (PT-BA), escalado por Lula para acompanhar as negociações no Senado, o deputado federal José Guimarães (PT-CE), que faz o mesmo na Câmara, o líder do PT na Câmara, Reginaldo Lopes (PT-MG) e o deputado Márcio Macêdo (PT-SE). Os parlamentares vão discutir o andamento da formação da base do novo governo nas Casas Legislativas.
Sobre o apoio à reeleição de Arthur Lira (PP-AL) à Presidência da Câmara, declarado nesta terça-feira (29/11) pelo PT, PV, PSB e PCdoB, Lindbergh Farias frisou que será uma “relação diferente” do que ocorre com o atual governo. “O Lira no governo do [Jair] Bolsonaro é uma espécie de primeiro-ministro. Ele era presidente da Câmara e ele era o grande operador político na Câmara dos interesses do governo Bolsonaro. Com a gente vai ser diferente”, declarou o deputado eleito. “A gente não quer terceirizar a operação política, os projetos de interesse do governo Lula, com o Lira. A gente quer montar a nossa base, isso é fundamental. É um novo governo”, acrescentou.
Segundo Farias, os articuladores políticos de Lula acreditam que já há maioria para colocar a PEC do Bolsa Família em votação, a grande prioridade para o presidente eleito. A ideia inicial é votar a matéria na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado na semana que vem e mandá-la ao Plenário no mesmo dia.
Apesar de ter enviado o texto inicial com um prazo de quatro anos, o novo governo está disposto a negociar um período menor, e admitir que a tendência é um prazo mais próximo de dois anos para a duração da excepcionalização de recursos do teto. A prioridade, segundo Farias, é manter o valor.
“O que eu acho que não dá para admitir é rebaixar muito o valor”, disse o deputado eleito. “Para manter os gastos congelados de 2022, nós estamos falando aí de R$ 150 bilhões. A gente admite discutir se são quatro anos, dois anos, agora qualquer valor abaixo de R$ 150 bilhões significa dizer que a gente está fazendo ajuste fiscal”, completou.