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Transição estuda enquadrar grupos antivax nos crimes contra a saúde pública

Uma das preocupações do grupo técnico de saúde é como o discurso antivacina atrapalha as metas de vacinação do PNI, que estão muito abaixo, principalmente a vacinação infantil

O grupo técnico (GT) de saúde na transição para o governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discute a possibilidade de enquadrar pessoas ou grupos que disseminem informações contra vacinas, estabelecidas no Programa Nacional de Imunização (PNI), em crimes contra a saúde pública.

Além disso, nesta semana, os coordenadores ouvirão influenciadores na área da saúde para colher sugestões sobre o combate ao discurso antivacina, que ganhou força nos últimos anos, com incentivo de autoridades, como o presidente Jair Bolsonaro (PL). 

 “Nessa semana vamos encontrar influenciadores na área da saúde pública para ouvir ideias, opiniões. Passaremos para quem for ficar a frente do ministério tocar a demanda”, informou ao Correio o ex-ministro, senador e coordenador do GT, Humberto Costa (PT-PE). 

Uma das preocupações dos membros do comitê é como o discurso antivacina atrapalha as metas de vacinação do PNI, que estão muito abaixo, principalmente a vacinação infantil. Por enquanto, a estratégia de combate é realizar um levantamento para identificar as pessoas responsáveis pelas narrativas antivacinas.

“Há uma preocupação muito forte de fazer o enfrentamento a esse tipo de narrativa que tem hoje. Fazer um levantamento de quais são os grupos, as pessoas, alguém que seja referência em disseminar a desinformação sobre essa questão da vacina é um dos objetivos da discussão”, explicou Costa.

Como combater?

Sandra Sabino, secretária executiva da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, explica que o discurso antivacina tem força em nichos específicos da sociedade, sobretudo nas classes médias alta e alta.

“É uma tendência mundial que chega através da globalização ao Brasil. A classe D e E que utilizam as nossas unidades [do SUS] e as escolas públicas se vacinam sem problema nenhum. Temos que combater isso de forma constante combatendo fake news, fazendo campanhas constantes de multivacinação”, ponderou.

No atual governo, a secretária detalha que as campanhas saiam em pequenos montes e não tinham veiculação pela grande mídia, em diferentes formatos, fazendo com que a informação chegasse a um seleto grupo da sociedade.

“Isso deixou de impactar muita gente, principalmente as parcelas da população que não usam o SUS, pois pela rede pública continuaram as campanhas educativas. É fundamental retomar as campanhas publicitárias no âmbito federal, que atinjam o país como um todo”, assegurou a especialista.

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