O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva testa as resistências ao nome de Fernando Haddad para o comando do Ministério da Fazenda com a possibilidade de o ex-prefeito de São Paulo fazer uma dupla com o economista Persio Arida na equipe econômica.
O primeiro sinal já foi dado por Lula. Haddad está escalado para representá-lo no almoço anual de dirigentes dos bancos na Febraban com a presença do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. O encontro ocorrerá hoje, em São Paulo. A aposta no ex-prefeito paulista cresceu depois que ele acompanhou Lula ao Egito, na COP27.
A expectativa é de uma sinalização mais forte do presidente eleito. Não seria ainda uma indicação oficial, mas "gestos" para mostrar que Haddad tem todas as condições políticas e técnicas para ocupar o cargo. O futuro chefe do Executivo vai colocar o ex-prefeito para engatar "conversas" com representantes do mercado nos próximos dias.
Apesar da articulação, Haddad sofre resistências do mercado financeiro e também no Congresso, inclusive de parlamentares do próprio PT. Barreiras que os apoiadores dele acreditam que podem ser superadas.
Com a ideia de Persio Arida na equipe econômica, esse caminho poderia ser pavimentado, na avaliação dos defensores do nome de Haddad.
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A grande questão é se Arida, considerado um dos economistas mais brilhantes de sua geração e um dos formuladores do Plano Real, aceitaria ser uma figura secundária numa pasta que sempre foi considerada de menos poder na Esplanada, antes da formação do superministério da Economia de Paulo Guedes, que será dividido por Lula.
Com a necessidade de reforma não só do arcabouço fiscal para substituir o teto de gastos, mas também da gestão orçamentária, o novo Ministério do Planejamento poderia ganhar outro patamar, principalmente no caso de Lula resolver tocar a reforma administrativa, de reestruturação do serviço público.
Um tema caro na agenda de Arida é a modernização da administração pública e da institucionalização de buscas de resultados no serviço público, começando pelo processo de execução orçamentária financeira, cuja legislação é dos anos 1960.
Por outro lado, é na equipe oriunda do antigo Ministério do Planejamento que se dão as negociações salariais do funcionalismo — um espeto complicado em tempos normais e muito mais difícil depois de anos de reajustes salariais congelados por Paulo Guedes.
Já a possibilidade de Arida ocupar uma secretária-executiva de um ministério comandado por Haddad, que circulou, ontem, no mercado financeiro, é considerada muito difícil (ou quase zero), segundo pessoas próximas ao economista.
A senha de que a definição do nome para o Ministério da Fazenda por Lula está próxima foi dada pelo senador Jaques Wagner (PT-BA), ao defender, ontem, a indicação para facilitar a negociação da Poposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição.