Lisboa — O vice-presidente brasileiro, general Hamilton Mourão (Republicanos), afirmou que Brasil e Portugal devem estreitar os laços históricos, culturais, econômicos e sociais que os ligam, relação que foi prejudicada pelo descaso com que o presidente Jair Bolsonaro (PL) tratou o país europeu nos quatro anos de governo.
Mourão ressaltou que a viagem ao território luso, iniciada na segunda-feira (21/11), foi acertada com o chefe de governo e ocorre “no apagar das luzes” da atual administração. O vice, que, em vários momentos, foi escanteado, disse que sua relação com Bolsonaro “é a de dois companheiros que se conhecem há mais de 40 anos”.
Na avaliação de Mourão, a proximidade cada vez maior entre Brasil e Portugal tem incentivado um fluxo crescente de brasileiros para o país europeu. A comunidade brasileira soma mais de 200 mil cidadãos e é a maior entre os grupos de estrangeiros que vivem na terra de Cabral. Tal mobilidade, segundo o vice-presidente, foi incrementada a partir do acordo de mobilidade assinado no âmbito da Comunidade de Países da Língua Portuguesa (CPLP). “Cada vez mais nós teremos um fluxo de nacionais entre Brasil e Portugal, sem problema nenhum. Recordo que a legislação migratória brasileira, além de não criminalizar, confere tratamento prioritário para os nacionais dos países da CPLP, em linha com as disposições da nossa Constituição”, frisou.
Mourão aportou em Lisboa dois dias depois de o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, ter deixado a cidade. O petista foi tratado com honras pelo governo português. O general seguiu quase o mesmo roteiro de Lula, e se encontrou com o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Souza, e o primeiro-ministro, António Costa. Ambos disseram estar com saudades do líder brasileiro, que tomará posse em 1º de janeiro próximo. “Estive com as principais autoridades de Portugal para enfatizar os laços históricos, culturais, econômicos e sociais que nos ligam e, principalmente, a boa relação, até porque eu já os conhecia todos”, assinalou.
Protegido por um forte esquema de segurança, Mourão também passou pela CPLP, cuja sede foi isolada para recebê-lo. O trânsito foi fechado durante todo tempo em que ele permaneceu por lá. “Ter participado de sessão solene na sede da CPLP foi um motivo de orgulho e privilégio para mim. Em meu discurso, e durante o encontro que mantive com o secretário executivo, Zacharias Costa (ao qual presenteou com uma camisa da Seleção Brasileira), tive a oportunidade de reiterar que a CPLP sempre ocupará um lugar proeminente na política externa do Brasil”, destacou.
Segundo Mourão, que tomará posse como senador pelo Rio Grande do Sul em fevereiro de 2023, interessa ao Brasil trabalhar para identificar e aprofundar os pontos de convergência entre os Estados membros da CPLP e, assim, ampliar os projetos de atuação conjunta em benefício dos cidadãos dos países que integram a Comunidade. “Pude transmitir um pouco da experiência das ações brasileiras para o fomento da cooperação econômica entre nossos países, com vistas ao maior desenvolvimento de nossas economias. Assinalei ainda a prioridade atribuída pelo Brasil à agenda verde, na qual buscamos não apenas combater os ilícitos ambientais, mas articular uma estratégia integrada para preservar, proteger e desenvolver a Amazônia, o que vale também para os demais biomas brasileiros”, disse.