Lisboa — Apesar de todas as críticas, inclusive de aliados políticos, o presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), disse não ver problemas em ter viajado para o Egito e para Portugal em um jatinho emprestado por um amigo, o empresário José Seripieri Filho, conhecido como Júnior, ex-dono da Qualicorp. Ele foi um dos alvos da operação Lava-Jato, no âmbito da qual fez um acordo de delação premiada e devolveu R$ 200 milhões. O petista disse que, se precisar de novo, e o amigo estiver disposto a emprestar, ele voará novamente no avião.
“Sou grato ao meu amigo, que foi comigo (para a COP27) e me emprestou o avião. Espero que ele esteja disposto, em outra oportunidade, (a me emprestar), antes de eu assumir a Presidência, porque, a partir daí, de fato, eu não posso”, afirmou em entrevista ao lado do primeiro-ministro de Portugal, António Costa. Para Lula, o jatinho foi fundamental para a sua segurança durante o deslocamento, diante de ataques de bolsonaristas. O petista lembrou das agressões sofridas por ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) em recente viagem a Nova York, nos Estados Unidos.
O líder brasileiro disse que foi convidado para ir à COP27 por governadores da Amazônia e pelo presidente do Egito, mas ninguém tinha dinheiro para bancar as despesas com o seu deslocamento. “Então, eu tinha um amigo que queria ir à COP27. Ele tinha um avião, e eu fui com ele. Um avião novo, de boa qualidade, com muita segurança, porque é importante lembrar que um presidente eleito tem que cuidar da sua segurança, sobretudo num país em que você tem bolsonaristas raivosos se espalhando pelo mundo afora”, enfatizou.
Na avaliação de Lula, se o governo brasileiro fosse democrático, e o país “tivesse um presidente responsável”, poderia ter cedido uma aeronave da Força Aérea Brasileira para levá-lo à Conferência sobre o clima. “Paciência. Segurança é uma coisa séria, e quem tem a responsabilidade de cuidar somos nós. Então, se tiver alguma viagem, e ele (Júnior) quiser emprestar o avião e ir junto comigo, vou agradecer”, reforçou.