Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) se reuniram em grande número na frente do Quartel General do Exército, no Setor Militar Urbano (SMU), onde manifestantes mantêm, há duas semanas, um acampamento. Os atos tiveram início após Bolsonaro ser derrotado no segundo turno das eleições presidenciais. Com o feriado da Proclamação da República, milhares de moradores de Brasília e de outras cidades se reuniram para protestar contra a eleição de Lula.
Desde o começo da manhã, o trânsito no Eixo Monumental era intenso, com muita gente em frente ao QG. Além das tradicionais camisas da Seleção Brasileira, os manifestantes bolsonaristas exibiam camisetas, faixas e bandeiras com pedidos de "socorro" às Forças Armadas, como "SOS Forças Armadas", "Exército nos salve", "Exército, salve o brasileiro", entre outras mensagens de cunho golpista, com pedidos de intervenção militar. Nas faixas, também havia muitas referências contra o Poder Judiciário — em especial, aos ministros do Supremo Tribunal Federal — e ao comunismo, além da defesa da "liberdade de expressão".
Apesar do teor golpista das manifestações, circulou em grupos bolsonaristas nas redes sociais uma espécie de manual, que orientava os manifestantes a evitar o uso do termo "intervenção" e a desvincular a imagem e a influência de Bolsonaro nos atos. Em outra mensagem compartilhada, havia o pedido para o grupo não ir para ao Congresso Nacional ou ao Supremo Tribunal Federal (STF). Os apoiadores do presidente foram aconselhados a ficar nas redondezas dos quartéis generais.
A Esplanada dos Ministérios permaneceu com as vias fechadas e forte policiamento durante o feriado. A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) formou uma barreira na altura do Museu da República para controlar o acesso e revistar visitantes. Foi proibida a passagem de ciclistas, enquanto drones monitoravam a situação.
Grupos dispersos de apoiadores do presidente chegaram a ir à Esplanada com a expectativa de que haveria mais manifestação contra o resultado das eleições. A cabeleireira brasiliense Claudia Nicássio, 41 anos, se decepcionou com o pequeno número de pessoas. "Eu acreditava que estaria bem mais cheio, me decepcionou muito. A gente paga nossos impostos, somos cidadãos de bem e, de repente, vemos nosso país à mercê", disse.
"O povo está se entregando. Eu esperava uma luta, chegar aqui e ver o lugar vazio dá uma sensação de impotência, de fraqueza. Parece que estão desistindo e entregando os pontos", desabafou o mecânico Edilberto Nicássio, 46 anos, marido de Claudia.
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Café e pipoca
As manifestações contra o resultado da eleição e por intervenção militar se repetiram, ontem, em várias cidades do país. No Rio de Janeiro, os ativistas se reuniram em frente ao Palácio Duque de Caxias, sede do Comando Militar do Leste, no Centro da cidade.
Em Belo Horizonte, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) se reuniram em dois pontos da cidade. O maior foi na Avenida Raja Gabaglia, região Centro-Sul da capital mineira, próximo à sede do Comando da 4° Região Militar do Exército. Também houve concentração no bairro Barro Preto, na Região Central, nos arredores do 12° Batalhão de Infantaria da Força. Água, café e pipoca foram distribuídos aos participantes do ato.
Em São Paulo, o protesto se concentrou entre a Assembleia Legislativa do estado e o Comando Militar do Sudeste. "Nação brasileira implora por socorro", dizia uma das faixas.