ELEIÇÕES

Barroso a bolsonarista que questiona resultado de eleições: 'Perdeu, mané'

Enquanto Barroso responde, é possível ouvir outros manifestantes atacarem o ministro Alexandre de Moraes. "Corrupto, juiz corrupto! As eleições foram fraudadas", gritam

Em Nova York com outros ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para participar de uma conferência, o ministro Luís Roberto Barroso perdeu a paciência, nesta terça-feira (15/11), com um manifestante bolsonarista que seguia os magistrados pelas ruas do local do evento e questionava sobre uma possível fraude no resultado das eleições de outubro. "Perdeu mané, não amola!", responde ao homem. Veja:

O momento foi registrado em vídeo pelo manifestante e foi postado, inicialmente, por Allan dos Santos — investigado e foragido da Justiça brasileira para não responder ao inquérito das fake news —, conhecido como Allan Terça Livre.

Allan e outros manifestantes estão, há três dias, em ações hostis contra os ministros na cidade estadunidense. Desde a chegada dos membros do STF para participar do Lide — grupo empresarial fundado por João Doria, no domingo (13/11), os bolsonaristas têm se aglomerado à frente do Harvard Club, sede do evento, e xingado, atacado e até mesmo tentado impedir a mobilidade da van que levava os ministros para o hotel.

No registro, Barroso estava junto ao também ministro do STF e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, principal alvo dos bolsonaristas. Um manifestante questiona se Moraes "vai responder às Forças Armadas" e se deixará "o código-fonte ser exposto". Moraes não responde e, em seguida, o bolsonarista pede para Barroso responder. “Perdeu mané, não amola”, responde sucintamente.

Enquanto Barroso responde, é possível ouvir outros manifestantes atacarem Moraes. “Corrupto, juiz corrupto! As eleições foram fraudadas”, gritam. Nesse momento, é possível ver Moraes acenar para os bolsonaristas e mandar um beijo.

Os ministros e outros participantes do evento têm sido abordados com agressividade pelos manifestantes. Na segunda-feira (14/11), Allan dos Santos abordou um homem, que confundiu com um simpatizante de Lula (PT), e questionou a opinião dele sobre as manifestações e sobre uma suposta “tirania” vivida no Brasil. “O que o senhor tem a dizer sobre as manifestações, o Brasil não vive uma tirania?”, pergunta Allan.

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O homem, sem entender, diz que “não sabe de nada” e em seguida pergunta onde Allan mora. “Eu que faço as perguntas aqui. Eu que sou jornalista aqui”, responde alterado. Em seguida, começa a xingar o homem de “merda, covarde e vagabundo” aos gritos pela rua de Nova York.

Código-fonte “malicioso” é nova narrativa do bolsonarismo

O código-fonte referido pelo manifestante do vídeo é a mais nova tentativa dos bolsonaristas de afirmar que houve fraude nas eleições. A narrativa foi criada após uma onda de insatisfação dos apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) invadir as redes sociais ao ser divulgado o relatório das Forças Armadas, em 9 de novembro, que afirma que não foi encontrado fraude nas eleições.

Um dia depois, uma nota do Ministério da Defesa se tornou o documento legal para que os manifestantes afirmasse que houve, sim, fraude. “Relatório das Forças Armadas não excluiu a possibilidade de fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas", escreveu o órgão, ao citar os pedidos de mudanças no processo eleitoral, como o fornecimento de códigos-fonte para “atestar o correto funcionamento do sistema”.

Com a nota, os atores relevantes do bolsonarismo, como Carla Zambelli (PL-SP) passou a compartilhar mensagens sobre uma possível fraude. "O relatório nada mais é que um aviso de que temos todas as cartas. Ou o TSE entrega o código-fonte ou as Forças Armadas podem agir", disse ela em vídeo.

Vale lembrar que o código-fonte das urnas eletrônicas, que traz a programação com instruções e comandos para o sistema funcionar, é fiscalizado a cada eleição por entidades como Polícia Federal e Ordem dos Advogados Brasileiros. Nestas eleições, os dados do código-fonte foram disponibilizados de outubro de 2021 até setembro de 2022, em uma sala do TSE, para análise das entidades interessadas – inclusive as Forças Armadas. O órgão teve acesso aos dados mas não entregou um relatório com as conclusões sobre o código.

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