Com agenda apertada na COP-27, a deputada federal eleita Marina Silva (Rede) transitou entre a Zona Vermelha, onde se desenrolam as discussões entre os chefes de Estado, e a Zona Azul, onde estão os pavilhões dos países. Participou de debates e palestras e se encontrou com líderes internacionais, como John Kerry, enviado dos Estados Unidos. Leia trechos da entrevista dela ao Estadão.
Lula virá à COP-27. Qual a sua expectativa?
A expectativa é muito grande, de o Brasil assumir o protagonismo ambiental global. Não por acaso, o Brasil foi o primeiro país em desenvolvimento a assumir metas de redução de CO2 em 2009. Foi responsável, de 2003 a 2008, por 80% das áreas protegidas criadas no mundo. É esse protagonismo que o mundo quer ver o Brasil exercer, liderando pelo exemplo. Lula, no discurso de vitória, disse que a questão climática, o desmatamento zero e demarcar terras dos povos indígenas são prioridades. Atingir um ciclo de prosperidade social conectado com os compromissos do Acordo de Paris é a orientação do seu governo.
Vai estar no governo Lula?
A decisão de quem será da equipe do governo é do presidente. Fico feliz de ter apresentado a ele talvez uma das plataformas mais robustas para o enfrentamento da destruição ambiental, reconhecida no mundo todo. Um grande fundo de investimentos já se dispôs a colocar dinheiro no Brasil. Estive ontem com John Kerry e com três diretores do Banco Mundial e há toda uma disposição de voltar a investir no Brasil, retomar o Fundo Amazônia, retomar as negociações do acordo do Mercosul com a União Europeia. As pessoas não querem apenas o discurso, elas querem a prática. Quando fui ministra do Meio Ambiente disse que a gente não ia se afastar do compromisso de liderar pelo exemplo.
É possível obter financiamento para a Amazônia?
O Brasil não está condicionando a proteção à Amazônia a recursos internacionais, como fez o governo anterior, que fez chantagem, disse que só protegeria a Amazônia se pagassem. Queremos cooperação e abertura para nossos produtos Não operamos no campo da chantagem.
Tem projeto específico para a área ambiental?
Há muitas ações e projetos que já foram aprovados, tudo depende da agenda e das prioridades do governo. Sonho muito que se faça essa destinação das áreas com floresta. Há também projetos que têm inclusive a ver com áreas de reforma tributária. Para criar uma nova economia, precisa de novos instrumentos econômicos, uma agenda que assegure continuidade nos novos processos. É difícil ser um empreendedor que faz todo o esforço para seguir a regra de uma forma correta - e depois tem de competir num ambiente de negócios com quem não teve custos por não ter responsabilidade social nem ambiental.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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