O vice-presidente eleito Geraldo Alckmin anunciou, ontem, os integrantes técnicos de mais seis grupos de trabalho da transição para o futuro governo. Vários nomes, porém, chamaram a atenção por serem petistas históricos e por terem passado pelos governos anteriores do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e da ex-presidente Dilma Rousseff. Alguns deles não foram bem recebidos, como o do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, cuja participação na equipe de transição fez o mercado financeiro torcer o nariz.
Mas ele não foi o único a chamar a atenção e dar a impressão de que o futuro governo Lula, apesar de o presidente eleito afirmar insistentemente que será uma gestão de coalizão, pode ter mais de PT do que muitos gostariam. O ex-ministro das Comunicações Paulo Bernardo, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, e a deputada federal Maria do Rosário — que teve passagem pelo governo Dilma — comporão as assessorias temáticas.
Os seis grupos, por sinal, são os seguintes: Comunicações; Direitos Humanos; Igualdade Racial; Planejamento, Orçamento e Gestão; Mulheres; e Indústria, Comércio e Serviços. A equipe de Pequenas Empresas foi citado pela primeira vez ontem e atuará junto ao de Indústria, embora com outros integrantes. O governo de transição foi dividido em 31 grupos técnicos.
Mas não foi apenas a participação de petistas históricos que chamou a atenção. Anielle Franco, irmã da vereadora assassinada Marielle Franco, integrará o grupo temático de Mulheres. Ela é professora, jornalista e dirige o instituto fundado e batizado em homenagem à irmã.
Lideranças políticas de partidos que apoiaram a eleição de Lula também foram escalados para os grupos. Entre elas, o ex-governador do Rio Grande do Sul Germano Rigotto, que integrou a equipe de coordenação da campanha presidencial da senadora Simone Tebet (MDB-MS). "O presidente do partido (MDB), o Baleia Rossi, só me avisou ontem (quarta-feira) que meu nome seria indicado para a transição", disse o emedebista, que pretende propor ao novo governo a importância de se modernizar a tributação do país. "Se a reforma tributária não acontecer no primeiro ano do governo, não vai acontecer", avaliou.
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Esses são os nomes anunciados ontem para a composição dos grupos temáticos:
Comunicações — Paulo Bernardo, ex-ministro das Comunicações; Jorge Bittar, ex-deputado federal; Cesar Álvarez, ex-secretário-executivo do Ministério das Comunicações; Alessandra Orofino, especialista em economia e direitos humanos.
Direitos Humanos — Maria do Rosário, deputada federal (PT-RS); Maria Vitória Benevides, historiadora, integrante da Comissão Arns; Silvio Almeida, advogado e escritor, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e do Mackenzie e presidente do Instituto Luís Gama; Luis Alberto Melchetti, doutor em Economia; Janaína Barbosa de Oliveira, representante do movimento LGBTQIA ; Rubens Linhares Mendonça Lopes, representante do setorial Pessoa com Deficiência do PT; Emídio de Souza, deputado estadual (PT-SP).
Igualdade Racial — Nilma Lino Gomes, ex-ministra das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos; Givania Maria Silva, quilombola e doutora em Sociologia; Douglas Belchior, professor de História e integrante da Uneafro Brasil e da Coalizão Negra por Direitos; Thiago Tobias, advogado e integrante da Coalizão Negra; Ieda Leal, coordenadora nacional do Movimento Negro Unificado (MNU) e coordenadora de Combate ao Racismo da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE); Martvs das Chagas, secretário de Planejamento de Juiz de Fora (MG); Preta Ferreira, movimento negro e moradia.
Planejamento, Orçamento e Gestão — Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda; Enio Verri, deputado federal (PT-PR); Esther Dweck, economista e professora da UFRJ; Antonio Corrêa de Lacerda, presidente do Conselho Federal de Economia.
Indústria, Comércio e Serviços — Germano Rigotto, ex-governador do Rio Grande do Sul; Jackson Schneider, executivo da Embraer; Rafael Luchesi, diretor de Educação e Tecnologia do Senai; Marcelo Ramos, deputado federal (PSD-AM).
Pequena Empresa (subgrupo) — André Ceciliano, presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro; Paulo Okamoto, ex-presidente do Sebrae; Tatiana Conceição Valente, especialista em Economia Solidária; Paulo Feldman, professor da USP.
Mulheres — Anielle Franco, diretora executiva do Instituto Marielle Franco; Roseli Faria, economista; Roberta Eugênio, mestra em Direito; Maria Helena Guarezi, professora; Eleonora Menicucci, ex-ministra da Secretaria Especial de Política para Mulheres; Aparecida Gonçalves, ex-secretária nacional de Violência contra a Mulher.