Eleições

Mourão critica 'golpe militar' e fala em 'voltar mais forte em 2026'

"Brasileiros, há hoje um sentimento de frustração, mas o problema surgiu quando aceitamos passivamente a escandalosa manobra jurídica que, sob um argumento pífio e decorridos 5 anos, anulou os processos e consequentes condenações do Lula", alegou Mourão

O vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) defendeu por meio das redes sociais nesta quarta-feira (2/11) que uma intervenção militar pedida nas ruas por manifestantes pró-Bolsonaro deixaria o Brasil "numa situação difícil perante a comunidade internacional”, e que "as manifestações ordeiras, em justa indignação, são bem vindas", mas que há modos pacíficos de fazer "bloqueios" em pautas da esquerda e que o bolsonarismo "tem total capacidade" de voltar "muito mais forte" em 2026.

O general destacou existir hoje um "sentimento de frustração", mas que o problema foi motivado após a população ter aceito "passivamente" a "escandalosa manobra jurídica" que permitiu a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o presidente eleito.

"Brasileiros, há hoje um sentimento de frustração, mas o problema surgiu quando aceitamos passivamente a escandalosa manobra jurídica que, sob um argumento pífio e decorridos 5 anos, anulou os processos e consequentes condenações do Lula. Agora querem que as Forças Armadas deem um golpe e coloquem o país numa situação difícil perante a comunidade internacional", escreveu no Twitter.

Mourão ainda falou em um manifesto que explicaria a força de movimentos à direita.

"As manifestações ordeiras, em justa indignação, são bem vindas. Vemos nelas famílias, idosos, crianças…todos pessoas de bem. Está na hora de lançar um manifesto explicando isso e dizendo que temos força para bloquear as pautas puramente esquerdistas, além de termos total capacidade de retornarmos muito mais fortes em 2026. Precisamos viver para lutar no dia seguinte", publicou.

Por fim, citou uma frase atribuída a Winston Churchill, ex-primeiro-ministro do Reino Unido. “Como dizia Churchill, “na derrota temos que ter altivez e sermos desafiadores”." 

Mourão conversou com o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), para iniciar a transição de cargos de vice bem antes do próprio presidente Bolsonaro reconhecer de forma indireta a derrota para o petista e autorizar a transição no Poder Executivo.

Também hoje, o vice-presidente afirmou que "não há mais do que reclamar" sobre a vitória de Lula no segundo turno das eleições e se posicionou contrário à manifestação de apoiadores do presidente e caminhoneiros que fecharam rodovias em todo o Brasil. Segundo ele, os manifestantes devem "baixar a bola".

"Nós concordamos em participar de um jogo em que o outro jogador (Lula) não deveria estar jogando. Mas, se a gente concordou, não há mais do que reclamar. A partir daí, não adianta mais chorar, nós perdemos o jogo", reconheceu o vice-presidente em entrevista ao jornal O Globo.

O general repetiu ainda que os apoiadores do presidente deveriam ter protestado quando o petista recuperou os direitos políticos e ficou apto a concorrer às eleições. E completou não acreditar em fraude nas eleições. "Aceitamos participar do jogo. Não considero que houve fraude na eleição. Mas um jogador não deveria estar jogando. Essa é minha visão".

Mourão comentou sobre a relação dele com Bolsonaro, que passou por mais baixos do que altos e o caracterizou como uma pessoa "verborrágica".

"Ele é um sujeito mais incisivo, mais verborrágico, e eu não sou. Minha forma de fazer as coisas é outra. Ele sempre foi deputado. Na Câmara, se você não se destaca pela peleia, é engolido. E o papel do Bolsonaro era meter o dedo nos outros. E ele continua fazendo esse papel. E eu nunca fui disso, eu passei dessa fase na minha vida".

No último dia 1°, após o primeiro pronunciamento de Bolsonaro ocorrido dois dias após o resultado das urnas, Mourão afirmou ter "quase certeza" que o presidente vai passar a faixa para Lula em 1º de janeiro e afirmou ainda que, em seu primeiro discurso após o pleito, o presidente reconheceu "implicitamente" a derrota nas urnas.

O vice-presidente não foi convidado para o pronunciamento, que ocorreu ontem no Alvorada, e assistiu o discurso em seu gabinete. Ele explicou sua ausência dizendo que o discurso foi do candidato Bolsonaro, e não do presidente da República.

Bolsonaro apela por desbloqueio de rodovias

No começo da noite, o presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu a manifestantes que desobstruam as rodovias. "Tem algo que não é legal: o fechamento de rodovias no Brasil prejudica o direito de ir e vir das pessoas", afirmou. "Desobstrua as rodovias, isso daí não faz parte, no meu entender, dessas manifestações legítimas", disse.

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