A equipe de transição assegurou, ontem, que o futuro governo não será intervencionista em relação à Petrobras e que as mudanças ocorrerão de forma gradual, com diálogo entre os setores envolvidos. O senador Jean Paul Prates (PT-RN), um dos coordenadores do grupo de trabalho de Minas e Energia, criticou as especulações a respeito da empresa.
"Ontem (quarta), por exemplo, vi de novo essa lenga-lenga de que pessoas do governo de transição que estão falando de Petrobras são terraplanistas. Isso, especificamente, me irritou bastante, porque nós estamos tendo todo o cuidado do mundo para assegurar ao mercado que não vai haver medida interventiva, não vai haver pé na porta de ninguém", declarou Prates, cotado para assumir a estatal na nova gestão.
Desde o início da semana, houve queda de ações da Petrobras, após bancos de investimento, como UBS, Morgan Stanley, Itaú e Bradesco, apontarem incertezas sobre a forma como o governo eleito lidará com empresa. A transição sinaliza com a revisão de várias políticas essenciais da estatal, como a de preço de paridade de importação (PPI) e a distribuição de dividendos. Prates enfatizou, porém, que tudo será feito de forma gradual.
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"Não estamos passando essa insegurança em momento nenhum. Passamos três semanas antes da campanha conversando com esses bancos de investimentos, um a um, com mais de 30 pessoas, tranquilizando essas pessoas", contou o parlamentar. "Quem está especulando com isso está fazendo por sua própria conta e risco. O mercado, às vezes, tem elementos que atuam desse jeito, tentam especular com declarações que a gente não deu", acrescentou.
Ainda assim, Prates deixou claro que haverá, sim, uma revisão das políticas da empresa. Uma delas é o PPI, criticado pela base do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva desde a campanha. "Quem define política de preços de qualquer coisa do país, se vai intervir ou não, se vai ser internacional ou não, é o governo. O que está errado, e nós temos que desfazer de uma vez por todas, é dizer que é a Petrobras que define a política de preços dos combustíveis. Não vai ser assim. Não pode ser assim", frisou o senador.
O novo governo, segundo ele, vai definir a política geral de preços dos combustíveis do país, se haverá colchões de amortecimento, preço de referência ou conta de estabilização. O grupo técnico também defende a mudança da distribuição de dividendos da Petrobras. Atualmente, todo o lucro da empresa é repassado aos acionistas, incluindo o governo federal. A transição argumenta que a porcentagem é alta demais em relação a outras empresas do ramo e que é preciso reservar parte dos lucros para investimentos.
Para hoje, está marcada a primeira reunião entre a equipe da transição e o presidente da Petrobras, Caio Paes de Andrade, para tratar do fluxo de informações entre a estatal e a transição. "Tem algumas coisas que a gente quer entender como é o procedimento, se é por meio do Ministério (de Minas e Energia)", adiantou Prates sobre o encontro.
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