O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) preparou uma alternativa à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, que vem causando ruído no mercado por prever R$ 198 bilhões de gastos extras, a PEC da Sustentabilidade Social — com uma previsão bem menor do que a proposta do futuro governo para custear a manutenção do auxílio de R$ 600 para as famílias mais vulneráveis.
O texto redigido pelo senador prevê R$ 80 bilhões de expansão do limite do teto de gastos que, segundo ele, seriam suficiente para custear o Bolsa Família de R$ 600 e até o reajuste do salário mínimo acima da inflação prometidos pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“A presente proposta de Emenda à Constituição tem como objetivo principal atender o anseio da sociedade de ampliar as despesas com o programa de transferência de renda de que trata a Lei n° 14.284, de 29 de dezembro de 2021, ou aquele que vier a substituí-lo, mantendo a responsabilidade fiscal no horizonte de médio e longo prazo no país”, destacou o Jereissati na explicativa da proposta que deve ser protocolada em breve e que foi enviada ao Correio.
No texto, ele propõe uma expansão de R$ 80 bilhões no limite das despesas primárias do Poder Executivo para 2023, “que se incorporará definitivamente ao teto de gastos calculado para os anos seguintes, para que as despesas necessárias para a manutenção do benefício de R$ 600 sejam realizadas de maneira a atender de forma intertemporal o teto de gastos”.
Na avaliação do parlamentar, essa ampliação do limite possibilita também outras ações de expansão de gastos em áreas importantes como saúde, educação, ciência, tecnologia e cultura, além de flexibilidade para alocação em despesas discricionárias, inclusive aumento real no salário-mínimo em 2023. A título de exemplo, podem recompor programas como Farmácia Popular, Merenda Escolar, ou o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) e outras ações como reduzir a fila do Sistema Único de Saúde (SUS) e implementar a Lei Aldir Blanc, segundo ele. “Tudo isso, sem perder a âncora fiscal”, concluiu.
O texto redigido pelo senador prevê R$ 80 bilhões, acima dos R$ 70 bilhões previstos na PEC alternativa do senador Alessandro Vieira (PSDB-SE), protocolada no último dia 19.
Na avaliação da especialista em contas públicas da Tendências Consultoria Juliana Damasceno, as duas propostas alternativas vão na direção correta, de reduzir o espaço para aumento de gastos no ano que vem. "Gostei da ideia da PEC do Tasso, porque é simples e direta. Sem espaço para firulas", afirmou. Ela reforçou, no entanto, a necessidade de que é preciso uma contrapartida para o aumento desses gastos para garantir credibilidade no compromisso com a responsabilidade fiscal do próximo governo.
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