O vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) anunciou, ontem, mais 162 integrantes dos grupos técnicos de trabalho da transição, distribuídos em 16 equipes temáticas. Mas, entre os 285 nomes indicados, até agora, para compor a equipe que desenhará as linhas-mestras do futuro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), não há um único integrante das Forças Armadas, da ativa ou da reserva.
Interlocutores do grupo de transição sugerem que está havendo dificuldades em incluir os militares — dizem apenas que "conversas estão ocorrendo" com representantes da caserna. Segundo fontes, a definição do grupo da Defesa ainda não foi divulgada por ser uma área que "deve ser bem escolhida".
Mas, na divulgação dos nomes, Alckmin deu a entender que a adversidade em relação aos militares pode estar diretamente ligada à associação que têm com o presidente Jair Bolsonaro (PL). Tanto que o vice-presidente eleito fez questão de frisar que outro setor muito identificado com o bolsonarismo, as polícias, será chamado a participar do grupo técnico de Justiça e Segurança Pública. Ele afirmou que haverá representantes das corporações — polícias Federal, Rodoviária Federal, Civil, Militar, além das Guardas Municipais.
Entre os escalados para cuidar do tema estão o delegado federal Andrei Passos (responsável pela segurança de Lula durante a campanha), o advogado do presidente eleito, Cristiano Zanin, o senador eleito Flávio Dino (PSB-MA), o senador Omar Aziz (PSD-AM) e o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP). Além de ouvir as demandas das polícias, essa inclusão demonstra o interesse de aproximação por parte do governo eleito com as forças de segurança.
"Temos inúmeras forças de segurança. Vamos ter que fazer um bom diálogo, ouvi-las nesse período de transição e também poder acatar sugestões que trouxerem", explicou Teixeira. De acordo com o deputado, a primeira reunião do grupo será realizada hoje.
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Lacunas
Com o anúncio de ontem — cujo nome inclui o deputado federal André Janones (Avante-MG), que atuará na equipe de Comunicação Social; a senadora Kátia Abreu, os ex-ministros Marina Silva e Carlos Minc, que participarão da elaboração das propostas para o Meio Ambiente; e os ex-chanceleres Celso Amorim e Aloysio Nunes Ferreira, que sistematizarão as Relações Internacionais do futuro governo —, resta fechar os grupos temáticos Centro de Governo, Inteligência Estratégica e Defesa, cujos integrantes não foram divulgados. Segundo Alckmin, os setoriais levantarão dados sem "interromper serviços públicos e obras que estão em execução, ter transparência e prever problemas.
O deputado federal eleito Guilherme Boulos (PSol-SP), que também integra a transição, frisou que o momento é de diagnóstico e preparação. A primeira reunião do grupo de trabalho de Cidades, do qual faz parte, ocorreu somente ontem e se debruçou sobre a reorganização do orçamento destinado à habitação popular.
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