Há duas semanas, bolsonaristas ocupam com carros, caminhões, ônibus e barracas a Praça dos Cristais, no Setor Militar Urbano, bem em frente ao Quartel General da Força. O acampamento é para manter mobilizados os manifestantes da extrema direita que pedem intervenção militar e o não reconhecimento do resultado das eleições presidenciais. Nos últimos dois dias, aumentou a presença de ônibus e caminhões no local, por causa da convocação de um ato para este feriado de Proclamação da República.
Nem as chuvas fortes de quase todos os dias no Plano Piloto foram capazes de espantar os acampados. Na tarde de ontem, o Correio foi até o SMU acompanhar o dia dos bolsonaristas. Por volta das 18h, uma tempestade desabou no local. Mesmo assim, foi possível encontrar pessoas tomando banho em caixas d'água, muitos banheiros químicos enfileirados, caminhoneiros armando barracas, pessoas cozinhando embaixo das tendas e ônibus de dois andares sendo posicionados em locais estratégicos.
Entre bandeiras do Brasil e faixas pedindo intervenção dos militares, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro passam o tempo conversando, orientando quem chega e consumindo muita bebida alcoólica. De vez em quando alguém puxa um coro contra o Supremo Tribunal Federal e é seguido por quem está perto.
Na quarta-feira da semana passada, cerca de 100 caminhoneiros chegaram à capital federal. Com objetivo de reduzir o impacto no trânsito e na mobilidade urbana, a Polícia Militar do DF (PMDF) escoltou o grupo até o SMU. Além disso, a Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF) avisou que os caminhões não poderão transitar livremente pelas ruas do DF. Estacionados em local separado, os veículos se encontram na parte lateral do quartel.
A reportagem também apurou como o acampamento dos bolsonaristas impacta a economia da cidade, após duas semanas de protestos. Localizada a 3km do Quartel General, uma loja de material de construção, acabamento, decoração e jardinagem teve a procura e a venda de lonas duplicadas.
De acordo com o gerente da loja, que preferiu não se identificar, é provável que hoje nenhum consumidor ache as lonas de proteção. "Não sei mensurar esse aumento de forma exata, mas, com certeza a venda dobrou. Por dia, estamos vendendo quase 100 lonas para os moradores do acampamento", confirmou o funcionário.
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