O presidente do Partido Liberal, Valdemar da Costa Neto, repetiu o gesto do filiado mais ilustre, o presidente da República, Jair Bolsonaro, e não reconheceu a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições deste ano. O dirigente partidário disse que a legenda não vai se posicionar sobre a lisura do pleito até a divulgação do relatório da fiscalização das Forças Armadas, previsto para ser entregue hoje pelo Ministério da Defesa ao Tribunal Superior Eleitoral.
Costa Neto também anunciou que o partido estará na oposição ao governo Lula. "O PL não renunciará as suas bandeiras e ideias. Será oposição ao futuro presidente", afirmou o chefe do partido. Apesar desse posicionamento, o presidente do PL disse que o partido pode apoiar a proposta de emenda à Constituição (PEC) que assegura a continuidade do pagamento de R$ 600 para o Auxílio Brasil. "O PL será oposição ao novo governo, mas não será contra a PEC se ela for de interesse público", assegurou.
Sem apresentar provas de qualquer irregularidade nas urnas, Costa Neto mencionou o trabalho de verificação realizado pelas Forças Armadas. O Ministério da Defesa anunciou a entrega do documento para amanhã (hoje). "Vamos ter de esperar o relatório. Temos diversos questionamentos que fizemos ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), vamos esperar essas respostas".
Perguntado sobre a lisura do primeiro turno, quando o PL elegeu as maiores bancadas na Câmara dos Deputados e no Senado, o cacique disse não haver pontos a serem contestados.
O presidente do PL afirmou que Jair Bolsonaro será o presidente de honra do partido e candidato à presidência em 2026. O dirigente reforçou a centralidade de Bolsonaro para o partido ao longo do próximo ciclo eleitoral. "Bolsonaro é nosso capitão, e nós vamos segui-lo aonde ele for". Disse que o presidente da República "só vai questionar o resultado se tiver algo real na mão". E adiantou que o chefe do Executivo, após deixar o cargo, vai viajar pelo país divulgando o programa do PL. "Ele aceitou bem a ideia de ajudar o partido, de correr o Brasil", relatou Costa Neto.
Em relação à disputa pelas presidências das duas Casas do Congresso, o presidente do PL anunciou apoio à recondução do deputado Arthur Lira (PP-AL) ao comando da Câmara, mas condicionou ao apoio do PP de Lira ao candidato do PL à sucessão de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) no Senado Federal. Costa Neto argumentou que o PL tem o direito de pleitear o comando de uma das Casas. "Temos a maior bancada na Câmara e no Senado. Não é admissível que não tenhamos a Presidência de nenhuma das Casas", alegou.
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"Golpismo"
Para o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), a declaração de Valdemar de não reconhecer o resultado eleitoral é "um absurdo". "É espantosa essa adesão a um discurso golpista", disse o senador, um dos principais aliados do presidente eleito. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PT-PR), também criticou. "Eles participaram do jogo, do processo, se submeteram às urnas e, agora, querem questionar o resultado? Isso para mim só tem um nome, tentativa de golpismo", comentou, ao deixar ontem o CCBB.
Os protestos contra o resultado das urnas também foram tema da entrevista de Valdemar Costa Neto. Ele declarou que o presidente Jair Bolsonaro apoia todas as manifestações que estiverem dentro da lei. "O nosso presidente quer que a gente prestigie todos que fizerem movimentos que podem ser feitos, dentro da lei", disse. No entendimento de Costa Neto, protestar "dentro da lei" significa não interromper vias de tráfego e restringir o direito de ir e vir das pessoas. Mas o dirigente partidário não incluiu no comentário os pedidos por intervenção militar feitos pelos apoiadores do presidente. "Fechar as estradas, fechar as ruas, o eleitor do PL não quer isso", declarou.
O cacique do PL vê esses movimentos contestadores das urnas, considerados "criminosos" pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes, como uma força maior que o apoio ao presidente da República. "O bolsonarismo está maior que o próprio Bolsonaro, mas temos de trabalhar para que esse pessoal não atravesse o samba, não passe do limite", disse. Existe, no PL, a preocupação de uma possível falta de comando dos manifestantes simpáticos a Bolsonaro acampados na frente de unidades militares.
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