O presidente do União Brasil (UB), o deputado federal Luciano Bivar (PE), disse, ontem, que o partido não fará oposição "de jeito nenhum" ao governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele explicou que o gesto é mais em defesa da democracia do que por questões programáticas.
"Queremos dar governabilidade e sustentação ao presidente Lula e apoiaremos com o maior prazer seu governo. Não vamos ser oposição de jeito nenhum", salientou.
A afirmação de Bivar, que foi reeleito deputado por Pernambuco, soa como um recado direto ao senador eleito Sergio Moro (União Brasil-PR), que tão logo conquistou a cadeira no Parlamento, anunciou que seria oposição intransigente a Lula, caso o petista chegasse à Presidência. O anúncio serve também para Rosângela, mulher do ex-juiz da Operação Lava-Jato, eleita deputada federal e correligionária de Bivar.
O presidente do UB admite que tem diferenças em relação a Lula e ao PT na seara econômica, mas que o momento é de fortalecer os pilares da democracia — que considera terem sido desgastados por quase quatro anos de Jair Bolsonaro (PL) no poder. Também assegurou que a conversa com o PT não será em bases "fisiológicas" e que pretende dar início às tratativas assim que voltar do exterior, em 9 de novembro.
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Presidência da Câmara
Mas esse apoio ao futuro governo Lula deve ter como condição o respaldo do Palácio do Planalto a um eventual candidato do União Brasil à Presidência da Câmara, cuja eleição será em fevereiro. Bivar assegura que a legenda — que tem 59 deputados e é a terceira maior da casa — lançará um nome para concorrer com Arthur Lira (PP-AL), que tem deixado claro a interlocutores que disputará a reeleição ao cargo. O presidente do UB, inclusive, pode ser o nome do partido a ser lançado na disputa.
Só que Lula não parece disposto a fechar nesse instante um eventual apoio a algum candidato à Presidência da Câmara. De acordo com interlocutores do petista, é preciso, primeiramente, saber o que o Centrão pedirá em troca para facilitar ao novo governo. Também é necessário aguardar se a fusão entre o PP de Lira e o UB de Bivar realmente sairá do papel — caso se concretize, o partido terá nada menos que 106 deputados e tira do PL, com 99, o posto de maior bancada da casa.
O interesse do União Brasil em estar ao lado de Lula é, também, porque o partido pretende se cacifar melhor para as eleições municipais de 2024. No último pleito, a agremiação tentou fechar uma aliança de terceira via com alguma capacidade competitiva — o próprio Bivar era o candidato ao Planalto, depois que Moro teve a legenda negada. Mas abandonou o projeto e lançou a senadora Soraya Thronicke (MS), que ficou em quinto lugar na corrida presidencial, ao conquistar 0,51% dos votos válidos no primeiro turno.
Além disso, o UB sofreu um sério revés com a derrota de ACM Neto na disputa pelo governo da Bahia — o ex-prefeito de Salvador e secretário-geral do partido foi vencido pelo petista Jerônimo Rodrigues. Mas conquistou o governo de quatro estados: Ronaldo Caiado (GO), Mauro Mendes (MT) — ambos no primeiro turno —, Wilson Lima (AM) e Mauro Rocha (RO) — no segundo.
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