O atual diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, já respondeu por agredir fisicamente um funcionário de um posto de combustível em Goiás. O caso, ocorrido em outubro de 2000, rendeu à vítima uma indenização de R$ 53 mil pagos pela União. A Advocacia-Geral da União (AGU) cobra de Vasques o ressarcimento da despesa. A preço de hoje, são R$ 99 mil.
Em nota, a PRF informou que Silvinei Vasques moveu ação para "demonstrar a utilização de documentos falsos na denúncia que gerou esse processo". Contudo, ele não comentou a condenação que sofreu para arcar com o ressarcimento.
Ao Estadão, o homem, que pediu para não ter o nome publicado, diz que foi espancado por ter feito corretamente o seu trabalho de organizar o funcionamento do posto e que ainda sente medo quando um carro da PRF se aproxima.
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O processo de cobrança tramita no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, mas não avança desde 2019. Bolsonarista e próximo do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Vasques é chefe da PRF desde abril de 2021 e agora lidera as ações para desobstrução de estradas por apoiadores do presidente demissionário.
A agressão ocorreu em um posto no município de Cristalina, há 22 anos. À época, ele era o chefe de uma delegacia da PRF em Joinville (SC). Um comboio seguia do Sul para um treinamento em Brasília, quando parou no posto de combustível da cidade goiana, considerado uma base da corporação para reabastecimento.
A vítima é um pai de três filhos que estudou até a quinta série e hoje tem um pequeno lava a jato em Goiás. Na época, cobria as férias do gerente de pista, um funcionário que coordenava as operações no posto. Ele narra que os carros pararam para abastecimento e Silvinei Vasques quis lavar o carro ao lado da bomba. O homem explicou que o procedimento era proibido, e que havia um espaço específico para a lavagem de automóveis.
A negativa teria feito Vasques se irritar. "Ele queria me obrigar a lavar a viatura. Começou a nos chamar de porco, falou que aquilo ali era um chiqueiro e começou a gritar. Tinha duas meninas lá no posto, que olharam pra mim. Eu falei: 'deixa ele falar'. Quando falei isso, ele veio pra cima achando que eu estava rindo dele. Ele bateu na boca do estômago, nas costas. E o outro falando para ele dar na cara, 'porque lá em SC nós damos na cara'", relatou.
A agressão o deixou dois dias fora do trabalho. "Minha filha estuda em Brasília, eu vou levar ela e vou com medo. Ele é o chefe da PRF. Tenho medo de colocarem alguma porcaria no meu carro", disse. "Tem uns bons na PRF, mas por causa de uma 'laranja podre' eu tomei raiva foi de tudo."
O goiano afirma que recebeu com lamento e preocupação a notícia de que Silvinei Vasques seria o diretor-geral da PRF. "Não esqueço a cara dele nunca na minha vida. No dia que o Bolsonaro botou ele lá, eu falei: 'que desgraçado', o Bolsonaro veio botar ele aqui pertinho de mim'. Sou eleitor do Bolsonaro. Nunca votei em Lula, mas não tenho nada contra ele. Sou contra essa baixaria de fechar estrada, parece que nós temos que ser um monte de cachorro obrigado a votar nele", declarou.
Quando ele foi à Justiça para tentar alguma indenização, pediu R$ 100 mil. A decisão favorável foi de R$ 20 mil. O pagamento só ocorreu no fim de 2014, quando os valores atualizados chegaram a R$ 53 mil.
Em 2017, Silvinei Vasques foi condenado a ressarcir a União. Naquela época, os R$ 20 mil iniciais, em valores atualizados, já chegavam a R$ 71,1 mil. Silvinei Vasques recorreu ao TRF-4, onde o caso está parado.
A vítima diz que foi orientado por advogados de que haveria uma diferença residual de aproximadamente R$ 4 mil a receber, que aguarda para cobrir dívidas. "Tenho que pagar o banco. No lava a jato, quando tem duas semanas de movimento fraco já atrapalha as contas todas", diz.
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