Os governadores Rodrigo Garcia (SP), Romeu Zema (MG) e Cláudio Castro (RJ) — três dos maiores cabos eleitorais do presidente Jair Bolsonaro (PL) na campanha pela reeleição — não esperaram pela ação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para a reabertura das rodovias que cortam seus estados, bloqueadas por bolsonaristas inconformados com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Respaldados pela decisão do ministro Alexandre de Moraes, publicada na noite da última segunda-feira e que foi reforçada na manhã de ontem, determinaram às suas polícias militares que agissem pela desinterdição (leia mais na página 6), inclusive com o uso da força em caso de necessidade.
A principal preocupação dos governadores é o estrangulamento da economia por meio do desabastecimento de gêneros e combustíveis. Zema foi enfático ao determinar que as forças de segurança tomassem as medidas "necessárias para desobstruir qualquer via ou estrada que esteja interditada por manifestações". "A eleição acabou e, agora, temos que assegurar o direito de todos de ir e vir e também que as mercadorias cheguem onde precisa para não haver desabastecimento. Vamos cumprir a lei", tuitou.
Castro, por sua vez, ordenou ao Batalhão de Choque da PM a desobstruir as estradas e afirmou que "é preciso respeitar o resultado das urnas". "Quem foi vitorioso precisa ter a tranquilidade de reunir forças e trabalhar pelo Brasil". O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, uniu-se ao governador na intolerância com a ilegalidade praticada pelos bolsonaristas — e lançou a Guarda Municipal para desobstruir vias interditadas.
"Protestar é um direito de todos. O que não pode é baderna e prejudicar o povo trabalhador, em razão da ação de pequenos grupos claramente com fins políticos. Na cidade do Rio não iremos permitir", anunciou.
Garcia considerou os bloqueios "inadmissíveis". Além de determinar que o choque atuasse para liberar o tráfego, acionou o Ministério Público do estado para apurar as circunstâncias dos bloqueios e responsabilizar criminalmente os envolvidos.
Dos três estados, a situação em São Paulo é a que mais preocupa, pois a circulação de ônibus e o tráfego aéreo já foram afetados pelos bloqueios — sem contar que o estado é um importante hub na distribuição de bens para todo o país. Segundo informações do aeroporto de Guarulhos, 25 voos atrasaram entre segunda-feira e ontem. Há, ainda, uma série de relatos de passageiros presos por horas na rodoviária da capital paulista devido à falta de circulação por terra.
Outro apoiador de Bolsonaro no período eleitoral, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, foi mais um a considerar o bloqueio das vias públicas "ilegal" e que "acompanha as ações antidemocráticas" no DF. Segundo o governador, as forças de segurança estão autorizadas a usar "todos os meios legais" para resolver o problema e "garantir o direito da maioria".
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Pacificação
Mais um apoiador de Bolsonaro, o governador Ratinho Júnior (PR), se insurgiu contra a ilegalidade dos apoiadores do presidente. "O direito de livre circulação no território nacional é uma garantia do povo brasileiro. É momento de pacificar o Brasil. As eleições de 2022 ocorreram de maneira democrática e a decisão soberana das urnas precisa ser respeitada", salientou por meio de nota.
Em Goiás, estado comandado por outro bolsonarista — Ronaldo Caiado —, a Procuradoria-Geral do Estado encaminhou ofício à Secretaria de Segurança Pública (SSP) e ao comando da PM orientando que a determinação do STF de desbloquear as estradas seja cumprida. E em Santa Catarina, o choque atuou pela desobstrução das rodovias, o que levou o senador bolsonarista Jorginho Melo, governador eleito do estado, a fazer um apelo aos apoiadores do presidente. "Quebradeira não constrói nada, não vai mudar nada", disse.
*Estagiário sob a supervisão de Fabio Grecchi
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