Eleições 2022

Após eleição de Lula, autoridades fazem apelo à pacificação do Brasil

Presidentes do Senado e da Câmara enaltecem a vontade do povo, elogiam o sistema das urnas eletrônicas, defendem a reunificação do Brasil e se dispõem a ajudar na transição de poder. Fernando Henrique Cardoso fala em vitória da nação

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), falou à imprensa logo depois do anúncio do resultado do segundo turno e declarou que Luiz Inácio Lula da Silva precisará trabalhar pela reunificação do Brasil. Ele se colocou à disposição para contribuir na apreciação de projetos do atual governo (Jair Bolsonaro) pelos próximos dois meses, assim como para ajudar na transição de poder. “Houve uma clara divisão da sociedade, por votações quase simétricas, muito próximas umas das outras, para um candidato e para outro candidato. O papel dos novos mandatários é seguramente o de reunificarem o Brasil. Buscarem encontrar, por meio da União, as soluções reclamadas pela sociedade brasileira”, disse.

De acordo com Pacheco, as instituições devem procurar acalmar os ânimos. Ele frisou que o futuro presidente da República deve governar para toda a sociedade, dar um “basta ao ódio e à intolerância” e recuperar o respeito pelas divergências. “Temos um país plural e diverso. O exemplo das instituições é fundamental para que a sociedade brasileira possa se reunir novamente e que o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, possa governar para todos”, continuou.

Pacheco elogiou a apuração e disse que as eleições mostraram a confiabilidade das urnas eletrônicas. “No fim, o que identificamos foi a segurança, a lisura, a confiabilidade das urnas eletrônicas, que deram (...) resultados fidedignos da vontade popular de cada voto depositado nelas. Isso acabou sendo uma questão superada, em função desse trabalho duradouro e constante das instituições na afirmação da confiabilidade da Justiça Eleitoral”, admitiu Pacheco.

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Propostas

Em relação à transição, o presidente do Senado prometeu que os parlamentares trabalharão para discutir e votar as propostas que faltam nos dois meses finais de governo e prometeu que a Casa trabalhará pela máxima eficiência da transferência de informações à próxima gestão (de Lula). Ele admitiu que o comportamento e a postura de Bolsonaro contribuirão para a transição. “Que a transição seja a mais eficiente possível. Para que novo governo possa colocar em prática o plano de governo a partir de 1º de janeiro. Acredito em transição pacífica e civilizada, não quero admitir hipótese contrária.”

Por sua vez, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que a decisão dos brasileiros de eleger Lula “jamais deverá ser contestada”. “Ao presidente eleito, a Câmara dos Deputados lhe dá os parabéns e reafirma o compromisso com o Brasil, sempre com muito debate, diálogo e transparência. É preciso ouvir a voz de todos, mesmo divergentes, e trabalhar para atender às aspirações mais amplas.”

Lira afirmou que, passado o processo eleitoral, é hora de desarmar os espíritos, estender a mão aos adversários, debater, construir pontes, propostas e práticas que tragam mais desenvolvimento, empregos, saúde, educação e marcos regulatórios eficientes. “Tudo que for feito daqui para frente tem que ter um único princípio: pacificar o Brasil e dar melhor qualidade de vida ao povo”, defendeu. “A vontade da maioria jamais deverá ser contestada. Seguiremos em frente, na construção de um país soberano. Um Brasil no caminho das reformas, um Estado menor e mais eficiente. E esse recado foi dado e deverá ser levado a sério”, disse.

Segundo Lira, o momento não é de revanchismo ou de perseguições, mas de debater, dentro das instâncias democráticas, e avançar na melhoria da vida de todos e, principalmente, dos mais vulneráveis. O ex-candidato à presidência Ciro Gomes (PDT) disse que cumpria “o saudável dever democrático” de cumprimentar Lula. “Desejo ao presidente eleito toda a felicidade na honrosa missão a si concedida pela maioria de nosso povo.”

Joaquim Barbosa, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, avaliou que “saem de cena o grotesco, a barbárie e a intimidação como elementos indissociáveis do exercício cotidiano do poder; e a violação sistemática das leis e da Constituição como método de governar e como atalho para o atingimento de objetivos políticos e pessoais”.

Democracia

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que declarou seu apoio a Lula nos últimos dias da campanha, limitou-se a postar uma curta mensagem em seu perfil no Twitter: “Parabéns Lula pela vitória. Venceu a democracia, venceu o Brasil!”, escreveu. FHC publicou uma foto em que aparece ao lado do presidente eleito.

No mesmo tom do ex-presidente, Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, destacou que, “acima de tudo, o país escolheu a democracia”. “Agora, temos que reconstruir um país destruído pela irresponsabilidade e pela incompetência. Na área ambiental, será uma longa jornada para refazer o que foi arrasado, a começar pela retirada dos invasores das áreas indígenas e pela retomada do combate ao crime ambiental. O pesadelo está quase no fim, porém não podemos esquecer que Bolsonaro ainda tem mais três meses com a caneta na mão e ainda pode, neste fim de mandato, promover mais retrocessos na agenda ambiental”, frisou.