Em entrevista a uma rádio de Manaus, ontem, o presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou duramente o presidente Jair Bolsonaro (PL) por implantar no país um "clima de ódio" e por tornar instável o processo eleitoral. Segundo o petista, vive-se, atualmente, uma situação "anormal".
"Antes era assim: quem perdia a eleição, ia para casa se lamentar e já se preparar para a próxima eleição. E quem ganhava, tomava posse e começava a governar. Hoje, estamos em uma eleição anormal, pois temos um cidadão anormal governando esse país, que não conhece a Zona Franca de Manaus e que está se propondo a acabar com ela", criticou o candidato à Rádio Mix, da capital amazonense.
Em maio passado, o presidente foi criticado por baixar um decreto que zerou a alíquota do Imposto sobre Produtos Importados (IPI) sobre as empresas que concorrem pelo mercado com as da ZFM — o que prejudicou aquelas que fazem parte do complexo industrial amazonense. Diante da reação negativa, o governo voltou atrás após e, em entrevista no início deste mês, o presidente garantiu que a Zona Franca não sofrerá intervenção.
Lula prosseguiu atacando Bolsonaro: "Esse cidadão criou um ódio que não existia nas eleições anteriores. Disputei duas com o Fernando Henrique Cardoso, uma com José Serra, uma com o Fernando Collor e outra com o Geraldo Alckmin. E quando acabava as eleições, o Brasil voltava à normalidade. Hoje, as famílias estão brigando. Pai não conversa com filho, a sogra não conversa com a nora", lamentou.
Para o petista, o pleito atual não é apenas uma disputa entre dois candidatos e entre dois grupos ideológico antagônicos. "É uma eleição entre a manutenção e a recuperação do regime democrático no nosso país e a continuidade da barbárie que representa o governo Bolsonaro. E o povo vai decidir soberanamente. O que o povo decidir, todo mundo vai acatar porque não duvidamos da urna eletrônica", afirmou.
O presidenciável acredita, ainda, que o bolsonarismo continuará vivo depois das eleições, apesar da eventual derrota do projeto de reeleição do presidente. "O ódio e o fanatismo vão continuar por um tempo, mas acho que a gente vai ter um processo de reconciliação e estabelecer uma política de convivência com a sociedade brasileira", previu.
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Fortunas
Questionado se "chegou a hora" de taxar grandes fortunas e bancos, Lula afirmou que "chegou a hora, sempre é a hora". Ele ponderou, no entanto, que apesar de ser um defensor da medida, a maioria do Congresso se opõe à aprovação da medida.
"O problema é que você tem a maioria do Congresso Nacional que não quer. Até porque a maioria que está no Congresso Nacional é de pessoas que têm, de certa forma, posses, não são os pobres que estão dentro do Congresso. Essa gente não quer taxar seu próprio recurso, quando, na verdade, nós precisamos fazer as pessoas entenderem que pagar Imposto de Renda corretamente é fazer justiça nesse país", salientou o petista, ao defender uma política tributária progressista, na qual os ricos paguem mais e os pobres, menos.
O ex-presidente voltou a defender a isenção de impostos de pessoas que ganham até R$ 5 mil. Nesta semana, o candidato a vice, Geraldo Alckmin (PSB), prometeu que Lula, se eleito, vai promover uma reforma tributária que incluirá a criação de um Imposto sobre Valor Agregado (IVA) em substituição a cinco tributos. "A reforma ajudará a economia a crescer. O Brasil será outro", publicou o ex-tucano nas redes sociais. (Com Agência Estado)