Além da disputa eleitoral que ocorrerá nas urnas no próximo domingo (30/10), as equipes de campanha dos presidenciáveis têm se esforçado também para conquistar o título de hit das eleições de 2022. O versos de funk Vota, vota e confirma, 22 é Bolsonaro (sem autor oficial) tem tomado conta do aplicativo de dancinhas Tik Tok, com direito a vídeo de Neymar. A contrapartida da esquerda veio ao som da lambada Tá na hora do Jair, já ir embora de Tiago Doidão e Maderada.
Com o início da campanha é de costume que cada equipe anuncie o jingle oficial. Em agosto, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lançou uma nova versão de Sem medo de ser feliz, conhecida pelo refrão "Lula lá” (e cantada por diversos artistas, como Pabllo Vittar e Paulo Miklos). Já Jair Bolsonaro (PL) lançou Capitão do povo, cantada pela dupla sertaneja Mateus e Cristiano. Porém, são outras canções que têm caído no gosto popular e se tornado verdadeiros sucessos que marcaram a campanha presidencial deste ano.
O jogador Neymar foi o responsável por definir a música mais popular entre apoiadores de Jair Bolsonaro. O camisa 10 do time francês Paris Saint Germain postou um vídeo no Tik Tok dançando o verso "Vota, vota e confirma, 22 é Bolsonaro”. O registro de 30 segundos teve mais de 16 milhões de visualizações e dois milhões de curtidas até a tarde desta quarta-feira (26/10). Os passos feitos por Neymar já existiam, mas com a repercussão do vídeo se tornou uma trend.
@neymarjr 22
som original - Enejota
O áudio mais popular da plataforma com o mesmo trecho da música (Vota, vota e confirma, 22 é Bolsonaro) em apoio ao atual presidente soma mais de 30 mil vídeos (sendo que cada vídeo tem diversas visualizações). Pelo uso de hashtags, as variações “22ebolsonaro” e "22ébolsonaro” somam mais 9,2 milhões de visualizações.
A faixa Somos todas Bolsonaro é outro destaque entre os bolsonaristas. A música foi feita por Talita Caldas, 30 anos, em apoio ao presidente Jair Bolsonaro e chegou entre as 11 mais tocadas no Tik Tok. Vale lembrar que os versos “Eu sou mulher conservadora brasileira e estou com Bolsonaro, da mão dele eu não largo” se popularizaram entre esquerdista como forma de piada. Ao Correio, a cantora contou que não se incomoda com os memes, ao contrário, disse "se divertir muito".
@aildesoll mulher conservadorah #vaiprofycaramba #aildesol Somos Todas Bolsonaro - Talita Caldas
O jogo de hits da campanha de Lula
Já Júlio Hermínio Luz (apoiador de Lula), conhecido artisticamente como Juliano Maderada, emplacou o Tá na hora do Jair, já ir embora. A letra do lambadão tem sido trilha sonora dos atos pró-Lula nas últimas semanas. O vídeo tem duas versões no Youtube que juntas somam mais de 2 milhões de acessos.
Nas ruas a recepção também está acalorada. No último domingo (23/10), Simone Tebet (MDB), ex-candidata à Presidência, e os deputados Alessandro Molon (PSB) e Jandira Feghali (PCdoB) cantaram o refrão “Está na hora do Jair já ir embora”. Os registros aconteceram durante a caminhada pró-Lula, no Rio de Janeiro.
Outro grande hit entre os apoiadores do ex-presidente Lula é a música Vai dar PT. Além do refrão com o nome do partido, a letra ainda contém o bordão de Léo Santana: "Faz o L”. Apesar da coincidência, o artista reforçou em entrevistas que a música não tem qualquer referência política. A canção foi retirada do repertório de shows do baiano que disse ser “uma exigência de contratantes”. Apesar de não ter se manifestado publicamente sobre o voto, a página oficial de Léo Santana no Instagram segue o perfil de Bolsonaro e não o do candidato petista.
Guerra de números entre Bolsonaro e Lula
Dentro das plataformas os números indicam que Bolsonaro lidera na popularidade musical. No Youtube, o áudio oficial de Capitão do povo soma mais de 400 mil visualizações. Na mesma plataforma, a versão mais recente do vídeo Sem medo de ser feliz, da campanha lulista, lançada terça-feira (25/10), acumula "apenas" 223 mil visualizações. A versão anterior, de agosto, também não supera o jingle de Bolsonaro e marca pouco mais de 300 mil acessos.
Em geral, o jingle publicitário é criado com objetivos comerciais e busca influenciar decisões de compra, justamente por se fixar facilmente na memória. A tendência é que essas criações explorem formatos musicais mais simples e repetitivos como explica Rafiza Varão, professora de comunicação da Universidade de Brasília. “O efeito pretendido é o mesmo que o efeito comercial, que você relembre um candidato, um número, uma ideia e que isso crie alguma vinculação entre o jingle, o candidato e o eleitor”.
A professora acredita que o motivo de as músicas populares — e que bombam nas redes sociais — acabarem fazendo mais sucesso que os jingles de campanha seja a identificação. “Quando esses jingles vem da própria população, quando esses jingles vem do próprio eleitor, eles vem de uma forma mais naturalizada para quem não é participante da equipe profissional. Isso faz com que eles se disseminem de uma forma mais viral”, explica Rafiza.
“A gente não tem como medir o efeito disso, mas pode garantir sim algum impacto na eleição do candidato a partir daquela música”, avalia a professora. Porém, Rafiza alerta que os resultados de uma campanha só podem ser medidos pelos votos, as músicas fazem um papel de reforço de imagem. "Alguns jingles acabam, inclusive se tornando parte do imaginário social”.
Cobertura do Correio Braziliense
Para o segundo turno, o Especial de Eleições continua no ar, destacando toda a cobertura da disputa presidencial e governos estaduais. Siga o Correio no Twitter (@correio), Facebook, Instagram (correio.braziliense) e YouTube para se manter atualizado sobre tudo o que acontece nas eleições 2022.
Como será no dia do segundo turno das eleições
Dia e horário de votação: o segundo turno será no domingo (30/10), das 8h às 17h, no horário de Brasília. A divulgação da apuração dos votos deve começar logo após o fechamento das urnas.
Onde votar: o eleitor pode conferir o local de votação no site do TSE. Ou por meio do aplicativo e-Título, acessando "onde votar".
Quem deve votar: todos os brasileiros alfabetizados, entre 18 e 70 anos, são obrigados a votar no dia da votação. O voto é facultativo apenas para quem tem entre 16 e 18 anos, pessoas com mais de 70 anos e analfabetos.