A cinco dias do segundo turno, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mostrou, ontem, que não pretende deixar esfriar o caso das adolescentes venezuelanas. Em uma entrevista ao vivo pela internet, com plateia que fazia as perguntas, o petista não mediu palavras para definir o presidente Jair Bolsonaro (PL) Sem citar o nome do oponente, disse que “esse cara é um pedófilo”, ao responder a uma pergunta sobre políticas públicas para a cultura.
Lula disse que é “quase analfabeto”, metáfora que usa para dizer que só tem o primeiro grau e um diploma de torneiro mecânico, mas que Bolsonaro é “ignorante”. “Em um país que não tem cultura, o povo não é povo, é rebanho”, ressaltou. “Esse ignorante que está aí é contra a cultura. ‘Ahhh... tem peça de teatro, tem homem beijando homem, tudo não presta’. É um purismo canalha que ele tenta mostrar na televisão. ‘Ahhh... eu sou puro’. Puro? O cara que vai ao encontro de duas meninas de 14 anos de idade e diz ‘pintou um clima’? Esse cara é puro? Esse cara é um pedófilo.”
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A abordagem de Bolsonaro a refugiadas venezuelanas adolescentes que vivem em uma casa-abrigo em São Sebastião (DF), em que levantou suspeita de prostituição — declarações das quais o presidente pediu desculpas em um vídeo —, tinha perdido temperatura no noticiário, atropelado pelo ataque do ex-deputado Roberto Jefferson a agentes da Polícia Federal.
A prisão do ex-parlamentar foi a deixa para o petista entrar em outro tema polêmico, que é a política do governo Bolsonaro de ampliar o acesso de civis a armas. Disse que, “antigamente, os criminosos tinham de assaltar o arsenal da Marinha, do Exército, da Força Aérea para roubar armas”. “Agora, não precisa mais assaltar, compra no mercado, compra rifle, compra seis mil cartuchos, compra seis ou sete pistolas, metralhadora”, acrescentou. Lula considerou “que a Polícia Federal não agiu corretamente, foi condescendente” com Jefferson.
O ex-presidente também voltou a falar sobre religião, e subiu o tom novamente. Considerou “uma cretinice, uma barbaridade” acusá-lo de querer fechar igrejas. “Justamente o cara que criou a Lei da Liberdade Religiosa”, respondeu. E criticou os “pastores que estão transformando igrejas em partidos políticos”.
O tom elevado do candidato antecipa assuntos que devem ser destacados para o segundo e último debate entre os presidenciáveis, na sexta-feira, na TV Globo.