No próximo domingo, três fatores podem ser apontados como de maior impacto na taxa de abstenção, para mais ou para menos. A gratuidade do transporte urbano autorizada na semana passada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) pode ajudar a reduzir os índices de ausência, mas a eventualidade de um evento meteorológico adverso e o ponto facultativo no funcionalismo que precede o final de semana — 28 de outubro é Dia do Servidor — podem afastar o eleitor das urnas.
Para quem precisa de transporte público, votar costuma ser mais caro do que não votar. A multa imposta pela Justiça Eleitoral a quem não comparece às eleições custa apenas R$ 3,50, bem menos que a passagem ida e volta na maioria das cidades do país.
O senador eleito Flávio Dino (PSB-MA), que esteve em Brasília para acompanhar os debates no STF sobre a gratuidade no dia da eleição, disse que o objetivo da medida "é que não haja obstáculo econômico ao exercício do direito ao voto". Segundo ele, foram observadas "diferenças no comparecimento no primeiro turno comparando cidades em que houve transporte gratuito e cidades que não houve". A decisão de liberar as catracas dos ônibus no próximo domingo é dos prefeitos (no transporte municipal) e dos governadores (nas linhas intermunicipais).
No Distrito Federal, a decisão ainda não foi tomada pelo governador Ibaneis Rocha (MDB), apesar de ter recebido pedido nesse sentido do presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE-DF), Roberval Belinati.
Meteorologia
Os analistas de cenários eleitorais também costumam olhar para os boletins meteorológicos. Fenômenos naturais como tempestades, enchentes e vendavais nos dias imediatamente anteriores ao pleito impactam a presença do eleitor nas seções eleitorais. Mas, como seus efeitos são limitados à área de ocorrência do fenômeno, há pouca influência em uma eleição de nacional. Os mais pobres costumam ser os mais afetados em caso de eventos naturais extremos.
Há, ainda, o feriado do Dia do Servidor Público, na próxima sexta-feira. Segundo analistas eleitorais, este, sim, é um fator que pode aumentar a taxa de abstenção em todo o país. Afinal, são cerca de 12 milhões de funcionários públicos municipais, estaduais e federais —incluindo militares e servidores de estatais. A expectativa é que uma parte dessas pessoas aproveite a folga para emendar com o fim de semana de segundo turno.
Para evitar o não comparecimento às urnas, alguns estados adiaram o feriado. Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul empurraram o Dia do Servidor Público para 14 de novembro, junto com o da Proclamação da República.
Minas Gerais e Maranhão preferiram adiar a folga para a segunda-feira seguinte ao segundo turno — e ainda decretaram ponto facultativo em 1º de novembro, véspera do feriado de Finados. Somando tudo, serão cinco dias de folga.
O Judiciário decidiu seguir o mesmo caminho e vai dar os cinco dias de descanso aos seus servidores. (TM e VD)