Apesar da polêmica no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que deve decidir hoje sobre os pedidos de resposta das campanhas do petista Luiz Inácio Lula da Silva e de Jair Bolsonaro (PL), o presidente da República negou, ontem, na sabatina do SBT, que propague mentiras e desinformações.
"Quais são as minhas fake news?", desafiou, ao ser indagado se pretendia, caso seja reeleito, criar uma lei para combater a proliferação de notícias falsas. "Da minha parte, zero criação de leis nesse sentido. Não tem amparo legal. Quem seria o censor do que é ou não fake news? Entendo que o melhor controle da mídia é deixar a mídia livre, para que a população decida", salientou.
Segundo o presidente, "o PT e o Lula têm simpatia muito grande por parte dos ministros do Supremo (Tribunal Federal) e isso não é novidade para ninguém. Para eu criticar o PT, se eu fizer fake news, eu estou falando que o Lula é honesto, estou falando que ele defende a vida desde sua concepção. Ou seja: você não tem que fazer fake news contra o PT, tem que mostrar a verdade".
Bolsonaro também culpou a campanha do rival pela retirada de conteúdos do horário eleitoral. "A decisão do TSE, errada ou não, foi provocada por um pedido do Partido dos Trabalhadores. Então, o PT não tem qualquer zelo, qualquer compromisso com liberdade", argumentou.
Mesmo insatisfeito com a atuação do TSE, Bolsonaro disse que não pretende pedir o impeachment do presidente da Corte, Alexandre de Moraes. Lembrou que quando entrou com um pedido contra o ministro, o processo "não prosperou por decisão do presidente do Senado" Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
"Não pretendo entrar com nenhum pedido de impeachment contra o senhor Alexandre de Moraes. Qualquer um do povo pode fazê-lo. Qualquer processo de cassação e impeachment compete ao Senado", assegurou, garantindo, mais uma vez, que não aumentará o número de integrantes do STF.
Bolsonaro foi perguntado por que busca a reeleição, uma vez que, na campanha eleitoral passada, assegurou que não disputaria um novo mandato. Segundo ele, o que o fez mudar de ideia foi a falta de um nome "com um perfil parecido" com o dele.
"Estaríamos entregando o Brasil para o PT, PDT ou PSB. Seria a volta da esquerda", justificou. Para ele, um mandato de cinco anos sem reeleição seria bem-vindo, caso o Congresso levasse adiante a proposta. Segundo ele, sugerir uma lei que não permita o instituto da reeleição no Brasil seria "mexer em um vespeiro" e poderia criar dificuldades para o governo negociar com o Congresso. Por isso, argumentou que só defenderia a proposta se houver maioria ampla na Câmara.
O presidente negou os rumores de mudança nas regras de reajuste do salário mínimo, pois duvida que "um só parlamentar votasse a favor dessa proposta de desindexação". Destacou, ainda, as dificuldades enfrentadas pelo governo durante a pandemia de covid-19.
"A questão do orçamento: tem um teto, ninguém quer extrapolar o teto, chutar o teto, nada disso. O Paulo Guedes (ministro da Economia) é uma pessoa que sabe bem tratar a questão", elogiou.
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Continuidade
Sobre os planos para a economia, o presidente afirmou que o atual ministro da Economia, Paulo Guedes, deve permanecer em seu governo. "Continua, assim como todos os ministros. A não ser que queiram sair por um motivo qualquer, todos permanecem", disse o presidente, que afirmou que a parceria tem dado certo com o atual ministro da Economia. "Em questões mais estratégicas a palavra final é minha e tem sido assim", afirmou.
Por sinal, ao ser questionado sobre quais são seus planos para manter o Auxílio Brasil em R$ 600, em 2023, caso seja reeleito, disse que a taxação de lucros e dividendos traria recursos suficientes para financiar tal valor. Mas não deu certeza se será, de fato, eficaz.
Indagado se em um eventual segundo mandato há a possibilidade de aumentar o número de ministérios, o presidente confirmou que sim. "A possibilidade de criar mais três existe, sim, não vou negar para vocês. Um seria o da Indústria, Comércio e Serviços", disse. Ele pensa em nomear o senador eleito por Santa Catarina e ex-secretário nacional da Pesca Jorge Seif para o posto. Bolsonaro também não afasta a hipótese de recriar o Ministério do Esporte, extinto assim que assumiu a Presidência.
Em relação ao meio ambiente e à Amazônia, Bolsonaro disse que o bioma está "84% preservado" e os índices de desmatamento na sua gestão são menores do que nos governos anteriores. "Hoje, dois terços da nossa terra estão preservados. Está da mesma forma como Pedro Álvares Cabral chegou no Brasil", salientou.