São Paulo — Em uma reunião organizada nesta quarta-feira (19/10) com apoiadores bolsonaristas, a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, afirmou que a filha, de 12 anos, foi alvo de ofensas na escola onde estuda. Michelle chorou ao relatar que a criança foi vítima de xingamentos na terça-feira, dia do aniversário, em razão da polarização. A primeira-dama deu o depoimento, transmitido nas redes sociais, no início da noite, durante evento realizado para mulheres apoiadoras do presidente Jair Bolsonaro (PL) e do candidato ao Palácio dos Bandeirantes Tarcísio de Freitas (Republicanos), em um hotel da zona norte da capital paulista.
"Não foi fácil ontem (terça-feira). Desculpa a emoção. A gente até se segura quando atacam a nossa honra, mas quando mexem com os nossos filhos, dói né? E a minha filha fez 12 anos ontem (terça-feira). No dia do aniversário dela, ela foi para a escola, e ela sempre tem alguns amiguinhos que replicam o que ouvem em casa. E lá a menina replicou e falou ‘você é a p…?’", contou Michelle. "Eu só estou aqui porque tenho certeza de que ela está bem depois de ganhar um cachorrinho. Eu sou primeira-dama do Brasil, mas antes, eu sou mãe e esposa, o mais importante para mim é minha família e a minha casa”, comentou a primeira-dama.
O evento, realizado em um hotel no bairro de Santana, chamado Mulheres com Bolsonaro, faz parte da estratégia da campanha de reeleição do presidente para reduzir a rejeição entre o eleitorado feminino, um dos mais resistentes à campanha de Bolsonaro.
Entre louvores e a convocação para busca de votos Michelle, pediu que os presentes saíssem de sua “zona de conforto” e se tornassem multiplicadores de votos para o presidente. Convidada principal do evento, a primeira-dama ressaltou, algumas vezes, a possibilidade de vitória do petista. Na avaliação dela, Lula na Presidência da República seria uma ameaça ao futuro do país.
Guerra espiritual
Michelle também reafirmou o tom religioso da disputa. “É uma guerra espiritual, e as pessoas não estão enxergando. Olha o testemunho dessa filha que tem uma mãe presa apenas por lutar pela liberdade”, disse a primeira-dama. Ela referiu-se ao testemunho, feito momentos antes, pela filha da ex-presidente boliviana Jeanine Áñez, presa sob a acusação de conspiração contra o sistema democrático no seu país.
A senadora eleita Damares Alves (Republicanos-DF) também estava presente. E deixou clara a estratégia da reunião. “Isso aqui não é só um encontro festivo de bater palma, isso aqui também é um treinamento”. Ela comentou que não falaria muito. “Estão querendo me cassar então eu tenho que ter muito cuidado com o que falo”, disse.
Apesar da cautela, Damares voltou a associar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao crime organizado. “Ou escolhemos por Bolsonaro, ou pelo diálogo cabuloso com o crime organizado”. E complementou: “A Bíblia fala que o pai da mentira é o diabo”, associando o satanismo ao ex-presidente.
A deputada federal e vice-governadora eleita do DF Celina Leão (PP), ponderou que as realizações do presidente Jair Bolsonaro são mais importantes do que suas declarações. “Dizem o Bolsonaro falou isso, falou aquilo, eu quero saber o que ele fez, o que ele faz pelas nossas futuras gerações”.
O evento organizado pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), também teve a participação da deputada Bia Kicis (PL-DF), do candidato ao governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) e do senador eleito, Marcos Pontes (PL-SP). Faz parte de uma série de viagens, chamadas “caravanas”, de mulheres apoiadoras do candidato à reeleição. O grupo percorreu estados das regiões Norte e Nordeste nas últimas semanas.