Apoiadores católicos do presidente Jair Bolsonaro (PL) realizaram, na noite de segunda-feira (17/10), um evento com padres e lideranças católicas no Ginásio Nilson Nelson, em Brasília, para rezar pelo Brasil. Por meio de orações e músicas, os bolsonaristas declararam apoio ao atual mandatário. O propósito do evento, segundo os organizadores, foi levantar um grande clamor a Deus pelo Brasil.
Com o nome de "Noite de Clamor Pelo Brasil", o encontro reuniu cantores católicos e políticos, como os deputados federais reeleitos Eros Biondini (PL-MG) e Bia Kicis (PL-DF). A ex-ministra da Mulher, Família e dos Direitos Humanos, Damares, também participou do evento. O presidente chegou ao evento por volta das 20h. Mas ele não discursou.
Durante as orações, havia menções com teor político. "Guardai e protegei o nosso país, livrai-nos do mal do comunismo e de toda ideologia contrária ao Evangelho", dizia um trecho declamado pelos sacerdotes.
No palco, revezavam-se cantores de música cristã, incluindo o deputado federal reeleito Eros Biondini (PL-MG). Bolsonaro e Michelle não subiram ao palco onde estavam os músicos e celebrantes. Eles foram citados poucas vezes ao microfone. Uma bênção foi lida em voz alta no local, com trechos como "dai-nos governantes tementes a Deus".
Em determinado momento, o locutor afirmou: "Abençoai o nosso presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, e fazei que sejamos um país temente a Deus e verdadeiramente cristão. Afastai para longe de nós a peste do comunismo e toda ideologia nefasta que atenta contra Deus e os seus santíssimos mandamentos".
Segundo o apoio do evento, o "Noite de Clamor Pelo Brasil", ocorre com alguma frequência. Desta vez, contou com a presença de Bolsonaro. No local, havia cerca de 1.000 pessoas. Ao Correio, Simone de Oliveira, 46 anos, dona de casa, afirmou que o evento é importante para derrubar o comunismo. "Hoje estamos aqui reunidos para levantar um clamor pelo país", afirmou. A apoiadora citou ainda o versículo da Bíblia que diz "se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar e orar, buscar a minha face e se afastar dos seus maus caminhos, dos céus o ouvirei, perdoarei o seu pecado e curarei a sua terra."
Entretanto, outro católico, que estava presente no evento, criticou a politização. "Seria uma ótima oportunidade se realmente fosse um momento de oração pelo nosso país, ao invés de fazer um ato para vangloriar um político", disse Wagner de Souza, professor 40 anos. "Quando o Bolsonaro chegou, vários fiéis foram à loucura, eu achei isso um desrespeito", comentou.
Na campanha do segundo turno, Bolsonaro busca se aproximar do eleitorado católico. No feriado de Nossa Senhora Aparecida, o presidente foi até Aparecida (SP) participar da missa anual em homenagem à padroeira do país. No entanto, o dia também foi marcado por incidentes envolvendo bolsonaristas, que hostilizaram profissionais da TV e vaiaram padres.
Na véspera, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) emitiu nota lamentando o que chamou de "intensificação da exploração da fé e da religião como caminho para angariar votos no segundo turno" das eleições deste ano. Hoje, Bolsonaro vai cumprir agendas em Juiz de Fora e Montes Claros, em Minas Gerais. Depois, parte para São Gonçalo, no Rio.
Saiba Mais