Em uma pergunta sobre o desmatamento na Amazônia, feita pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no primeiro debate do segundo turno, neste domingo (17/10), o presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu para os telespectadores "darem um Google” nos índices da derrubada da floresta entre 2003 e 2006, na gestão do petista, e comparar com os números da sua gestão, entre 2019 e 2022.
A comparação entre os três primeiros anos dos dois governos, em números brutos, demonstra índices altos de desmatamento no governo de Lula. Foram mais de 72 mil km², enquanto o de Bolsonaro foi de 34 mil km², de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Essa foi a intenção da provocação de Bolsonaro.
Porém, as diferenças dos índices herdados eram completamente diferentes, demonstrando que Lula conseguiu controlar os números em sua gestão, com quedas sucessivas até 2010. Aliás, a sua sucessora, Dilma Rousseff, atingiu um dos melhores índices da série histórica em 2018, com 129% menor, ou seja, 488 km² à época.
Desde que Bolsonaro assumiu o governo federal, o Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) vem alertando sobre sucessivos aumentos de desmatamento na Amazônia. Em setembro, o Deter apontou 1.454 km² de área com floresta derrubada, o que significa crescimento de 47,7% em relação ao mesmo mês do ano passado. É o equivalente a um espaço do tamanho do estado de São Paulo.
No debate, no entanto, Lula focou em dizer os números, mas também relembrou outras conquistas ambientais. “Pode dar um Google, quando ganhei as eleições tinha um desmatamento de 27 mil km², caiu para 4 mil km², o Brasil participou da COP 15, do encontro de Paris em que era elogiado por ser o país que menos desmatou e mais cuidava da questão ambiental. Não existiu nenhum governo que fez o que a gente fez na questão ambiental”, respondeu.
O ex-presidente fez algumas promessas para a área verde: as invasões de terras, principalmente as indígenas irá acabar, que irá proibir o garimpo ilegal, que criará o Ministério dos Povos Originários, cuja administração será comandada por um indígenas indicado pelos povos originários, que investirá na agricultura de baixo carbono para negociar com a comunidade internacional da União Europeia e outros, e que a biodiversidade será usada como renda para a população que vive na floresta.
Aliados
Deputados que acompanhavam o debate saíram em defesa de Lula sobre o assunto nas redes. Marina Silva (PSol-SP), recém-eleita deputada federal, relembrou feitos de sua gestão à frente do Ministério do Meio Ambiente, que aconteceu no governo do petista. "Ministério do Meio Ambiente foi responsável pela criação de 80% das áreas protegidas nos nossos biomas. Já Bolsonaro, em 3,5 anos, conseguiu destruir um terço das florestas virgens no mundo", disse.
Já Túlio Gadêlha (Rede-PE) incentivou que a população “desse o Google” solicitado por Bolsonaro. Compartilhou uma tabela, sem deixar claro a fonte, que mostra os índices de crescimento do desmatamento - de 2018 a 2021 os números dobraram.