Candidato à reeleição, o presidente Jair Bolsonaro (PL) disparou críticas, ontem, ao Judiciário e ao adversário na corrida pelo Planalto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O dia de campanha do chefe do Executivo se dividiu em entrevistas a youtubers; um comício em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, Rio de Janeiro; e evento com prefeitos em Minas Gerais.
Durante a live "Mulheres de Minas com Bolsonaro", o candidato acusou o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, de tentar beneficiar Lula ao suspender as investigações abertas pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e pela Polícia Federal (PF) contra institutos de pesquisas de intenção de voto.
"Quando PF e Cade começam a investigar os institutos de pesquisa que influenciam nos votos, o que Alexandre faz? Não pode investigar. Parabéns, Alexandre de Moraes, garantiu 3 milhões (de votos) para o Lula. Porque muita gente vai acreditar nas pesquisas, que vão continuar sendo mentirosas. É uma interferência enorme", afirmou. Na quinta-feira, o ministro freou as apurações sob o argumento de que houve "usurpação de competência" da Justiça Eleitoral. Desde o resultado do primeiro turno, quando Bolsonaro teve mais votos do que o projetado pelas pesquisas, aliados do presidente no Congresso iniciaram uma ofensiva contra os institutos.
Na live, o STF também foi alvo. Bolsonaro disse que a maioria da Corte foi indicada por adversários e sugeriu que o tribunal trabalhou ativamente para inocentar o ex-presidente. "Quando Lula precisou de homem no Supremo, ele conseguiu. Ele curtiu mais de dois anos de cadeia, daí reinterpretaram a prisão em segunda instância, e foi colocado na rua. Mas não era esse objetivo, não era dar liberdade para o Lula para ele se casar com a Janja, a socióloga Rosângela da Silva e serem felizes para sempre", frisou. "Ele tinha de voltar ao governo porque eu acabei com a harmonia em Brasília, onde muita gente fazia besteira e vivia em paz, metendo a mão no dinheiro público. Teve de 'descondenar' o Lula."
No Rio, o presidente voltou a associar o adversário à criminalidade. Afirmou que, quando o petista o ultrapassou na apuração dos votos no primeiro turno houve festa nas cadeias. "Só nos presídios, em mais lugar nenhum", enfatizou. Ele retomou o discurso da luta do bem contra o mal e ressaltou que sua vitória seria o bem, que, segundo frisou, sempre acaba vencendo.
Bolsonaro ainda afirmou que Lula quer levar sexo para as escolas com a "ideologia de gênero". "Eles falam que eu falo palavrão, mas não sou ladrão. O outro lado não respeita a família. O outro lado criou a ideologia de gênero para levar sexo para as escolas. O outro lado quer liberar as drogas", acusou.
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"Esmola"
Na tentativa de demonstrar feitos do seu governo, ressaltou que o preço da gasolina no Brasil é "um dos mais baixos do mundo" e que o Auxílio Brasil de R$ 600 seria bem diferente da "esmola paga pelo PT" no Bolsa Família. Também repetiu que seu governo não tem corrupção.
Ante uma plateia entusiasmada, o presidente defendeu mais uma vez a redução da maioridade penal e prometeu aprovar o excludente de ilicitude para policiais, se reeleito. Participaram do evento o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL); o senador reeleito Romário (PL); e a deputada Clarissa Garotinho (União).
Durante o comício, Bolsonaro e apoiadores tomaram um susto. Minutos após o presidente subir ao palanque a estrutura sofreu instabilidade. O chefe do Executivo chegou a se escorar em pessoas que o acompanhavam. O palco foi verificado e, após comprovada a segurança, o ato foi retomado.
Zema
Em Belo Horizonte, Bolsonaro participou de reunião com prefeitos filiados à Associação Mineira de Municípios. Ele foi acompanhado pelo governador do estado, Romeu Zema (Novo) e saudado com gritos de "mito" e "fora PT".
No discurso, Zema afirmou que o momento é de guerra e que os prefeitos presentes teriam a missão de afastar o "risco do PT" voltar ao poder no país. "Nós temos muito trabalho para reverter a votação do primeiro turno. O futuro do Brasil está nas mãos das pessoas que estão nesta sala. Refrescar a memória do mineiro de como foi trágica a gestão do PT aqui", enfatizou.
Segundo a comunicação da campanha, estavam presentes 600 chefes de executivos municipais. De acordo com reportagem do jornal Estado de Minas, diversos prefeitos chegaram ao encontro em carros oficiais das prefeituras, o que configuraria crime eleitoral.
O presidente anunciou ao grupo repasse de R$ 2,8 bilhões para a construção de metrô na capital mineira. Ele aproveitou para acusar Lula e a ex-presidente Dilma Roussef (PT) de financiar obra semelhante em Caracas, em vez de investir em Minas. (Com Agência Estado)