ELEIÇÕES 2022

Fake news disseminadas por bolsonaristas associam Lula ao tráfico de drogas

Sigla CPX no boné usado pelo candidato no Alemão é abreviação de complexo e costuma ser utilizada até por órgãos públicos do Rio, mas fake news disseminadas por bolsonaristas a associam ao tráfico de drogas

Em tour pelo Nordeste para consolidar sua vantagem na região, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve ontem em Sergipe e Alagoas. O candidato deu continuidade ao roteiro de fazer caminhadas pelas ruas das cidades que visita, cercado por apoiadores e acompanhado, em cima de uma caminhonete aberta, por postulantes aos governos estaduais.

De manhã ele esteve em Aracaju, onde prometeu colocar o combate à fome como "prioridade zero" de seu governo, caso eleito, e afirmou que manterá boas relações até com que o odeia.

"A prioridade máxima chega a ser prioridade zero, de tão rápido, que é combater a fome. Não tem explicação científica, econômica para o terceiro maior produtor de alimento do mundo, do primeiro maior produtor de proteína animal do mundo não ter comida suficiente", enfatizou, em entrevista.

De acordo com o petista, para atingir o objetivo, é preciso que o governo coloque em prática uma série de medidas econômicas. "Uma delas é gerar emprego imediatamente. Renegociar a dívida de 80 milhões de pessoas neste país. Nós temos praticamente 80% das pessoas endividadas, com uma dívida de, no máximo, R$ 4 mil, e que as pessoas não podem pagar mais", emendou.

O ex-presidente prometeu, ainda, que aumentará o salário mínimo acima da inflação todos os anos. Disse não ver sentido no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) se a elevação não for repassada à população. Ele aproveitou para criticar a gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL). "Faz quatro anos que o salário mínimo não é reajustado. Até a merenda escolar… R$ 0,36 é a parte que toca o governo federal. O que dá para comer com R$ 0,36? Essa desumanidade é o que nós queremos que deixe o cargo para que os brasileiros assumam a Presidência", ressaltou.

O presidenciável também falou sobre a eleição de governadores e parlamentares conservadores, muitos deles aliados de Bolsonaro, e como será seu relacionamento com eles. O petista garantiu que haverá diálogo. "Na relação de Estado para estado, todos serão tratados bem. Até quem me odeia, até quem fala que não gosta de mim. Não tem problema. Não quero casar com o governador, quero governar e ajudar a tratar bem o povo dele", argumentou.

Para o candidato, não é papel do presidente da República se ater ao partido de cada governador, mas, sim, resolver os problemas da população. Já sobre o Congresso, afirmou não conhecer os 44% de parlamentares que entraram agora, citando a taxa de renovação das cadeiras nas eleições deste ano. "Quando for conversar com os deputados, vou conversar independentemente do partido a que ele pertence, com respeito à votação que ele teve. Um cara de direita, o voto dele não é inferior ao de alguém de esquerda", comparou.

Saiba Mais

Paulo Dantas

À tarde, em Maceió, Lula prestou solidariedade ao governador afastado Paulo Dantas (MDB) e comparou o caso à sua própria condenação pela Operação Lava-Jato, em 2018.

"Isso cheira a minha condenação. Por que eu fui condenado? Exatamente para evitar que eu fosse candidato em 2018. Quem é que tem interesse em evitar que você seja candidato? Alguém. Eu não vou dizer o nome. A verdade é que você deve ter um esquema nesse estado que não gosta do governo progressista", disse Lula a Dantas em cima de um trio elétrico.

O candidato alagoano enfrenta Rodrigo Cunha (União) no estado, aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP). "Que você seja julgado, investigado decentemente. Quando você for julgado e tiverem encontrado alguma prova, aí podem te condenar. Condenar para que você não seja candidato é um erro que já cometeram comigo", reforçou o presidenciável.

Na terça-feira, Dantas foi afastado do cargo pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ele é investigado por suposto esquema de rachadinhas. A decisão foi mantida ontem, em sessão extraordinária da Corte.