INVESTIGAÇÃO

Ministério da Justiça investiga tráfico de pessoas no Camboja, na Ásia

Denúncias afirmam que há brasileiros sendo forçados a trabalhar no país asiático, com o passaporte retido. Outros órgãos também acompanham o caso

O Ministério da Justiça e Segurança Pública afirmou, nesta terça-feira (13/10), que está acompanhando o caso de um grupo de brasileiros que estariam vivendo em cárcere privado no Camboja, país da Ásia, e sendo usados para trabalhos forçados. Segundo a pasta, a Coordenação-Geral de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e Contrabando de Migrantes está responsável pela ocorrência e desdobramentos da história.

De acordo com as denúncias já levantadas pelo grupo, as vítimas viram uma oferta de emprego nas redes sociais em empresas de crédito e financiamento, com salário de U$ 900 — cerca de R$ 4,6 mil. Após aceitarem a proposta e chegarem ao Camboja, os brasileiros não conseguiram mais sair do país e passaram a sofrer ameaças, além de serem forçados a trabalhar em atividades ilícitas (golpes virtuais relacionados a venda de criptomoedas).

A pasta afirmou que está atuando em parceria com outros órgãos para proteção e investigação do caso. O ministério disse ainda que o modus operandi dos criminosos se dá, principalmente, por meio das redes sociais com informações direcionadas aos jovens de 20 a 35 anos. Os aliciadores divulgam oportunidades de emprego alegando condições dignas de trabalho e possibilidade de ganhos altos.

O Ministério das Relações Exteriores também relatou que trata-se de esquema no qual a empresa, supostamente do setor financeiro, oferece vagas de emprego temporário, com salários competitivos, comissões por ativos vendidos e passagens aéreas incluídas. No entanto, ao chegarem, os brasileiros têm seus passaportes retidos, são induzidos a assinarem cláusula de confidencialidade e são submetidos a longas jornadas de trabalho, privação parcial de liberdade e até abusos físicos.

O que é tráfico de pessoas

O tráfico de pessoas é uma das mais graves violações de direitos humanos. Um fenômeno complexo e multifacetado que desafia não apenas o Brasil, mas diversos outros países. É um crime ainda invisível e desconhecido pela maioria da população e por agentes públicos, constituindo-se em desafio a permanente conscientização e sensibilização públicas, a fim de minimizar a impunidade dos infratores, mas, principalmente, prevenir o crime e propiciar a plena proteção às suas vítimas diretas e indiretas.

Segundo o Relatório Nacional sobre o Tráfico de Pessoas: Dados de 2014 a 2016, é um dos crimes que apresenta grandes índices de subnotificação. As razões são: medo de represálias pelos perpetradores, receio da vítima de ser incriminada, discriminada, vergonha, desconhecimento do crime, de seus direitos e dos canais de denúncias, não percepção de sua condição como vítima, por desinformação ou por estar em situação de vulnerabilidade.

Denuncie

Os principais canais de denúncia para o crime são

• Disque 100;
• Ligue 180;
• App Proteja Brasil;
• Núcleos Estaduais de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas – NETPs;
• Postos Avançados de Atendimento Humanizado ao Migrantes – PAAHMs;
• Rede consular e Jurisdição Consular do Ministério das Relações Exteriores;
• Polícia Federal (direitoshumanos@pf.gov.br);
• Polícia Civil nos estados; e
• Defensoria Pública da União.


* Com informações do Ministério da Justiça

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